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17.4.10

Enfim, cartas na mesa

Recomendo a leitura do artigo de Tarso Genro e Vinicius Wu, abaixo para uma lúcida intridução do debate político eleitoral que se avizinha, com qualidade e racionalidade.


Lançamento da candidatura Serra explicita dois projetos distintos para o país


Serra foi cauteloso ao referir-se aos dois governos de FHC
Faz bem à democracia brasileira a decisão do PSDB de defender o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua agenda de privatizações e enxugamento do Estado. O lançamento da candidatura Serra, no último sábado, reorganiza o debate político e posiciona dois projetos distintos para o país. É a oportunidade para superarmos a “fulanização” do debate – desejo de alguns articulistas da grande imprensa – e promovermos uma grande reflexão coletiva a respeito do futuro do país.

Fernando Henrique Cardoso, aplaudido de pé pelos participantes do evento, afirmou que Serra “saberá reconhecer o que foi feito no passado” e o que foi “conquistado em seu governo e nos anteriores”. Foi anunciado pela apresentadora Ana Hickmann como um homem que “com seu trabalho e liderança teve coragem de promover reformas necessárias” no país.

Em seu discurso, Serra exaltou as realizações dos governos do PSDB, em meio a advertências de que se tratava de um processo mais amplo, situado no contexto da reabertura democrática. Foi cauteloso ao referir-se aos dois governos de FHC, mas igualmente ficou nítida a mudança de abordagem. A direção do PSDB parece ter se convencido da impossibilidade de esconder FHC sob o tapete.

Coube a Aécio Neves fazer a defesa mais enfática do legado neoliberal. Afirmou que não há nada que o envergonhe no passado do PSDB e com orgulho registrou que durante o governo FHC, “nós (o PSDB) privatizamos sim, setores que precisavam ser privatizados”.

O lançamento da candidatura tucana não deixa dúvidas a respeito do elemento fundamental do pleito deste ano: Serra representa a restauração nestas eleições; a retomada das privatizações, da redução do Estado e da “maquina pública”. Estes são os temas, assumidos sem disfarce, pelos próceres do tucanato no último sábado.

Um dos temas mais recorrentes na fala das lideranças do PSDB diz respeito à política externa do atual governo. A retórica aproxima-se da cantilena americana durante a era Bush: defender a democracia no mundo dos regimes tirânicos de Irã, Cuba e Venezuela, o que equivale dizer alinhamento automático aos EUA e submissão absoluta em relação aos grandes temas mundiais.



A direção do PSDB parece ter se convencido da impossibilidade de esconder FHC sob o tapete
A reversão da atual política externa está longe de ser uma ameaça menor. Trata-se de mover uma das peças mais importantes do tabuleiro no qual se definirá, nos próximos anos, a ordem global do novo século.

A legitimidade popular das políticas sociais transforma em dogma, nestas eleições, a reversão da agenda social do atual governo. Mas engana-se quem acredita na conversão dos tucanos. FHC foi claro em seu discurso ao recuperar, ainda que ligeiramente, a principal crítica da direita brasileira às políticas de distribuição de renda da era Lula. Para os tucanos, é preciso oferecer “oportunidades” de emprego para que os pobres encontrem as “portas de saída”, o que na prática significa o convívio com níveis elevados de pobreza associado a políticas compensatórias em casos extremos. Discurso arrefecido, porém insepulto. A candidatura tucana “acusa” o atual governo de buscar “administrar” a pobreza e não “superá-la”.

De qualquer forma, o lançamento da candidatura Serra e a apresentação preliminar de sua plataforma engrandecem o debate político nacional e contribuem com o embate democrático, civilizado, entre as diferentes posições. Cumpre ao PT e aos demais partidos que dão sustentação ao governo Lula demonstrar o quão penoso seria para a sociedade brasileira retornar aos anos de estagnação econômica e ampliação desmedida do desemprego e da miséria, legado maior da era demo-tucana, que seus partidários acreditam, sinceramente, terem sido melhores para o Brasil do que a gestão Lula – ainda que alguns demonstrem um certo embaraço ao defender estas posições.

O embate eleitoral de 2010 definirá, em grande medida, que Brasil teremos no século XXI. A candidatura tucana, enfim, tornou pública sua visão de país. E se alguma liderança do PSDB merece algum elogio, é, sem duvida, o ex-presidente Fernando Henrique, que não só sustenta com tenacidade as privatizações de seu governo, como também defende – com certa sofisticação que lhe é peculiar – a forma submissa e dependente através da qual o país entrou na globalização naquele período.

Com o lançamento da candidatura Serra, enfim, podemos afirmar que as cartas estão sobre a mesa. E que venha, então, o debate.
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8.4.10

Midia dita o assunto do dia e "esquece" do combate à corrupção

Apesar de muitos interlocutores da grande mídia darem frequentes manifestações de grande indignação frente à corrupção na política,ontem e hoje deram pouquíssima cobertura ao debate sobre o projeto de lei que propõe a inelegibilidades dos condenados desde a primeira instância. Lei de iniciativa popular, apresentado com mais de 1,5 milhão de assinaturas de cidadãos brasileiros.

As enchentes do Rio ocuparam exaustivamente o tempo da TV, principalmente, com matérias nos jornais e chamadas ao vivo para expor a dramática e trágica situação dos atingidos pelos temporais que atingiram a capital carioca.

Ora, é preciso distinguir o que é importante do que é urgente. A urgência de informações com relação ao desastre ambiental no Rio, sem dúvida, é grande. Mas não para todas as regiões do país por igual. Ora, seria possível dar uma dose maior aos moradores do sudeste, afetados diretamente. Em Belém, a foto de capa dos jornais era a enchente no Rio, quando temos aqui mesmo mazelas ambientais mais urgentes.

Quanto à importância, o debate sobre o projeto contra os ficha-suja é, sem dúvida alguma, muito mais importante e para todo o território nacional.

Mas o que chama a atenção é que estes mesmos meios de comunicação, batem pesadamente nos escândalos de corrupção política, como se quizessem acabar com ela. Contudo, com esta atitude, revelam que, na verdade, usam os escândalos não para depurar a corrupção da política, mas apenas e, mais uma vez, apenas para venderem mais jornais e publicidade.
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7.4.10

Pressão pela ficha-limpa aumenta veja como está o debate


Deputados divergem em plenário sobre o Ficha LimpaJanine Moraes - Câmara Federal

Mesmo sem votação, Ficha Limpa dominou os debates no plenário da Câmara.
O Plenário começou a discutir, nesta quarta-feira, o projeto Ficha Limpa (PLP 518/09 e outros), que impede a candidatura de quem tenha condenação na Justiça em primeira instância. Como não há consenso, os líderes partidários decidiram votá-lo apenas em maio, após análise da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Mesmo assim, o assunto dominou os debates. Deputados contrários ao texto argumentaram que ele é inconstitucional, por ferir os princípios da presunção da inocência e do amplo direito de defesa. Outros lembraram que há uma grande pressão popular a favor da proposta e disseram que ela poderá moralizar a vida pública.
Pelo acordo feito entre os líderes, a CCJ deve votar o projeto até 29 de abril, para que ele seja apreciado em Plenário no começo de maio. O texto original foi sugerido pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e recebeu mais de um milhão de assinaturas de apoio( a minha está lá), coletadas por entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Aperfeiçoamentos

O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), elogiou o encaminhamento dado ao assunto, pois considera que o texto ainda precisa ser aperfeiçoado. Segundo ele, a proposta é constitucional e o País precisa mesmo definir o perfil adequado dos seus parlamentares. “Por exemplo, traficante de droga não pode ser candidato”, afirmou.
Para Vaccarezza, no entanto, o texto aprovado em comissão especial tem problemas. “A pena para o traficante está igual à de quem muda ninho de passarinho de lugar”, comparou.
Vaccarezza lembrou que agora o projeto vai para a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Assim, segundo ele, poderá ser aprovada uma lei mais consistente. “Parte da mídia faz pressão genérica e alguns deputados buscam um debate de segunda categoria, mas o que precisamos é analisar o mérito, o conteúdo”, afirmou.

A favor da proposta

Para o deputado Flávio Dino (PCdoB-MA), os direitos constitucionais não serão afetados pela nova regra. "Só poderíamos falar do princípio da presunção de inocência se estivéssemos diante de uma pena. Inelegibilidade não é pena, não é sanção. A presunção de inocência não se aplica a esse caso, inclusive na lei em vigor”, argumentou.
Dino lembrou, por exemplo, que a rejeição de contas por decisão de tribunal de contas hoje gera inelegibilidade. “Tenho ouvido aqui pessoas dizerem que alguém que mata um animal vai ficar inelegível, mas o projeto diz claramente que apenas crimes graves irão gerar inelegibilidade: corrupção, crimes contra a moralidade e o erário, tráfico de entorpecentes, estupro, homicídios", ressaltou.
O relator da matéria, deputado Indio da Costa (DEM-RJ), destacou a importância da pressão popular em torno do projeto: "A única forma de ele ser aprovado é que as pessoas continuem avançando e pressionando até a sanção presidencial."
O líder do DEM, Paulo Bornhausen (SC), enfatizou que o projeto veio da sociedade, “que exige decência desta Casa”. Ele defendeu o substitutivoEspécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projeto original. de Indio da Costa e conclamou todos os partidos a assinarem o pedido de urgênciaRegime de tramitação que dispensa prazos e formalidades regimentais, para que a proposição seja votada rapidamente. Nesse regime, os projetos tramitam simultaneamente nas comissões - e não em uma cada de vez, como na tramitação normal. Para tramitar nesse regime é preciso a aprovação, pelo Plenário, de requerimento apresentado por: 1/3 dos deputados; líderes que representem esse número ou 2/3 dos integrantes de uma das comissões que avaliarão a proposta. Alguns projetos já tramitam automaticamente em regime de urgência, como os que tratam de acordos internacionais. para a votação. “Não podemos deixar de votá-lo e achamos que a discussão deve ser aqui no Plenário, transmitida pela TV, e não escondida em uma comissão”, afirmou.
Já o líder da MinoriaBancada partidária cujo número de integrantes seja imediatamente inferior à maioria e que expresse posição diferente desta em relação ao governo. Ou seja, maior partido de oposição ao governo. Atualmente, a minoria é o PSDB. , Gustavo Fruet (PSDB-PR), defendeu o projeto, mas alertou ser uma ilusão imaginar que ele vai moralizar toda a vida pública. “A política é um espaço de contradição, não é para freiras, pois reúne o que há de melhor e de pior na sociedade”, afirmou. De todo modo, segundo Fruet, é positivo instituir um filtro para o exercício do mandato eletivo. “Ou então estaríamos duvidando da polícia, do Ministério PúblicoA Constituição (art. 127) define o Ministério Público como uma instituição permanente, essencial ao funcionamento da Justiça, com a competência de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis. O Ministério Público não faz parte de nenhum dos três Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário. O MP possui autonomia na estrutura do Estado, não pode ser extinto ou ter as atribuições repassadas a outra instituição. Os membros do Ministério Público Federal são procuradores da República. Os do Ministério Público dos estados e do Distrito Federal são promotores e procuradores de Justiça. Os procuradores e promotores têm a independência funcional assegurada pela Constituição. Assim, estão subordinados a um chefe apenas em termos administrativos, mas cada membro é livre para atuar segundo sua consciência e suas convicções, baseado na lei. Os procuradores e promotores podem tanto defender os cidadãos contra eventuais abusos e omissões do poder público quanto defender o patrimônio público contra ataques de particulares de má-fé. O Ministério Público brasileiro é formado pelo Ministério Público da União (MPU) e pelos ministérios públicos estaduais. O MPU, por sua vez, é composto pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público do Trabalho, pelo Ministério Público Militar e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). e do Judiciário”, sentenciou.

Contra o projeto

O deputado José Genoíno (PT-SP) criticou o projeto: "O candidato vai ter os seus direitos políticos cassados, mas e se depois ele for absolvido? Já está cassado. Essa é uma proposta casuística, que fere o princípio democrático dos direitos fundamentais.” Outro problema é que, segundo ele, o projeto “judicializa a política”, pois “o Judiciário vai escolher quem vai ser candidato, vai tutelar o processo político".
Fernando Chiarelli (PDT-SP) também questionou o papel da Justiça no processo eleitoral e disse que o projeto será usado para condenar novas lideranças políticas. “Todo o mundo sabe que o poder mais corrupto é o Judiciário, onde negocia-se de tudo", ressaltou.
O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ) qualificou o texto de “um manual de inconstitucionalidade”. Segundo ele, a proposta fere a garantia constitucional de que ninguém seja considerado culpado até o julgamento definitivo. “O que parece bom pode ser uma brecha para flexibilizar direitos da cidadania; a exceção para o bem também pode ser usada para o mal”, alertou.
Silvio Costa (PTB-PE) reforçou as críticas ao projeto. “É inconsistente e mal redigido; qualquer prefeito condenado pelo tribunal de contas ficará sem poder se candidatar”, afirmou.
Ele propôs, como alternativa, que quando o candidato tiver processos na Justiça essa informação apareça, em tarja preta, na propaganda eleitoral e em todo o material de campanha, “do mesmo jeito que nos cigarros aparece a frase fumar faz mal à saúde”. Dessa forma, disse Costa, o povo não perderia o poder de decidir.
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4.4.10

Pela ética na política


Após uma onda de pressão popular, a data para a votação do Projeto de Lei Ficha Limpa foi marcado para 7 de abril – nós só temos dois dias para fazer nossos deputados federais votarem a favor da Ficha Limpa e contra a corrupção! Vamos divulgar esta campanha para todos nossos amigos e familiares para eles assinarem a petição também – encaminhe o alerta abaixo! ________________________________________


Caros amigos,

Chegou a hora: dia 7 de abril será a votação do Projeto de Lei Ficha Limpa. Nossos deputados federais têm uma escolha -- votar a favor da lei e remover criminosos da política, ou ficar do lado dos corruptos ao custo de toda a nação.

Não será uma vitória fácil, forças corruptas estão resistindo – somente uma mobilização massiva poderá vencê-los. Esta é a reta final para pressionar nossos deputados a votarem a favor da política limpa no Brasil -- assine a petição no link abaixo, ela será entregue diretamente ao Congresso:

http://www.avaaz.org/po/brasil_ficha_limpa/?vl

Se a Ficha Limpa passar, candidatos que cometeram crimes sérios como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e assassinato, serão removidos das eleições de outubro. Este pode ser mais um importante passo para livrar o Brasil de uma classe política corrupta.

Através de muita pressão popular do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e da Avaaz, nós ajudamos a introduzir esta lei e aprová-la para votação. Porém se ela passar, vários partidos políticos irão ver seus candidatos desqualificados das eleições de outubro, portanto muitos vão tentar barrá-la no Congresso. Nós não podemos perder esta oportunidade histórica – vamos mobilizar milhares de brasileiros nesta reta final -- assine a petição abaixo:

http://www.avaaz.org/po/brasil_ficha_limpa/?vl

Em um movimento histórico, mais de 1.6 milhões de brasileiros já levantaram as suas vozes contra a corrupção na política. Nós não podemos perder agora -- cada nome conta – encaminhe este alerta para todos que você conhece!

Com esperança,

Prof Arroyo

Saiba mais sobre a Ficha Limpa:

Site do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral:
http://www.mcce.org.br/

Projeto Ficha Limpa deve ser votado pela Câmara dia 7 de abril:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2010/03/23/politica,i=181531/PROJETO+FICHA+LIMPA+DEVE+SER+VOTADO+PELA+CAMARA+DIA+7+DE+ABRIL.shtml

Movimento online renue 200 mil brasileiros em torno de campanhas como "Ficha Limpa":
http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2010/03/09/movimento+online+reune+200+mil+brasileiros+em+torno+de+campanhas+como+ficha+limpa+9421354.html

Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral consegue assinaturas necessárias para levar Projeto Ficha limpa ao Congresso:
http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia182/2009/09/17/politica,i=142687/MOVIMENTO+DE+COMBATE+A+CORRUPCAO+ELEITORAL+CONSEGUE+ASSINATURAS+NECESSARIAS+PARA+LEVAR+PROJETO+FICHA+LIMPA+AO+CONGRESSO.shtml
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2.4.10

Campanha da Fraternidade 2010 – Mal estar e revelação



O que é ser cristão? Seja católico, evangélico ou de qualquer outra inspiração.
As duras críticas que, pela primeira vez, fazem à Campanha da Fraternidade, neste ano de 2010, ao mesmo tempo em que demonstra o mal estar que provocou em alguns segmentos da sociedade, também nos proporcionou algumas revelações proféticas. Ou seja, a causa do mal estar provocado pela CF 2010 tem como causa exatamente as revelações que apresenta à sociedade.

“Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará a um e amará o
outro, ou se apegará a um e desprezará o outro.
Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro” (Mt 6,24).

A citação bíblica adotada como referência da Campanha, mas pouco usada nas paróquias, se completa e se esclarece com outra do mesmo evangelho “Não acumuleis para vós tesouros na terra, onde as traças e os vermes arruínam tudo, onde os ladrões arrombam as paredes para roubar. Mas acumulai para vós tesouros no céu.” (Mt 6,19-20a). Não deixando dúvidas sobre qual “senhor” os cristãos, e cristãs, devem seguir.

Com esta abordagem clara e direta sobre o centro da causa das desigualdades, violências e misérias em que vivemos – o modelo econômico – a Campanha da Fraternidade tem recebido ataques de muitos setores que sempre se abrigaram em uma igreja que colocava apenas nos céus as soluções para os maiores problemas terrenos, como se Deus nos quisesse discriminados, violentados e empobrecidos.

Algumas abordagens do fenômeno existencial da fé humana, são usadas para confundir a sociedade que, sob esta ótica, tem dificuldade de entender o que é obra de Deus e o que é obra dos seres humanos. O que cabe ao espírito e o que cabe ao corpo. Muitos fiéis não entendem a contradição entre a suntuosidade das igrejas e a pobreza dos que a freqüentam, como se a suntuosidade fosse uma dádiva divina, quando na verdade é produto da soma da doação em dinheiro dos fiéis que assim não percebem a força que possuem em suas próprias mãos.

Ora, é muito simples, se as pessoas entenderem que Deus nos brindou com a vida e com todas as oportunidades de torná-la boa, digna, confortável e solidária como ar puro, continentes, rios e mares – e mais, que nos brindou com a liberdade de escolher o que fazer com tudo o que Ele nos deu –, descobrirão que só depende de nós a possibilidade de termos uma vida equitativa, segura e farta para todos e todas. Mas que para isso é necessário valorizar mais o amor que o egoísmo, mais a cooperação que a competição, mais a partilha do que a concentração de poder e riqueza material. E que esta, aí sim, é uma escolha de dimensão espiritual e ideológica.

Mas há os que querem manter os fiéis na confusão. Primeiro foi o jornal gaucho Zero Hora, agora surgem “intelectuais” que prestam serviço àqueles poucos e “grandes” que ganham com as desigualdades, violências e misérias. Aqueles que se incomodaram com a corajosa abordagem da CF 2010, acusaram o golpe a seus interesses e passaram a tentar desqualificar e até ridicularizar a Campanha da Fraternidade.

Em defesa de seus interesses, próprios ou por encomenda, estes interlocutores tentam passar a idéia de que a Campanha da Fraternidade presta um desserviço à sociedade ao jogar os trabalhadores contra os donos do capital, acusação muito usada no Brasil nos tempos da Ditadura Militar(1964 a 84). Também argumentam que esta postura da igreja é uma volta à Idade Média quando a igreja católica condenou o lucro em defesa dos interesses da decadente monarquia de então contra a acumulação da emergente burguesia, o que gerou o cisma puxado por Lutero e o surgimento do protestantismo.

No entanto, omitem que, na verdade, a reflexão proposta pela CF 2010 é bem diferente do que se estabeleceu no processo final do feudalismo, na passagem para o capitalismo, quando a mesma igreja que condenava o lucro passou a cobrar, em dinheiro, a absolvição dos pecados humanos – a chamada indulgência. O debate que ora se propõe não é contra o capital, nem contra o lucro, mas como e a que custo, estes tem sido produzidos e o que se tem feito com eles para que a vida, maior dádiva divina, seja aproveitada pelo conjunto da humanidade, da melhor maneira possível.

Aliás, reflexão que se propõe para além dos fiéis das igrejas cristãs. A CF 2010, terceira de caráter ecumênico, se propõe a “Colaborar na promoção de uma economia a serviço da vida, fundamentada no ideal da cultura da paz, a partir do esforço conjunto das Igrejas Cristãs e de pessoas de boa vontade, para que todos contribuam na construção do bem comum em vista de uma sociedade sem exclusão”. É necessário conclamar a todos e todas para construir uma nova sociedade, educar essa mesma sociedade afirmando que um novo modelo econômico é possível, e denunciar as distorções da realidade econômica existente, para que a economia esteja a serviço da vida.

Denunciar, conclamar e educar. Esta é uma orientação politicamente moderna aos que tem humildade para assumir a responsabilidade de, efetivamente, fazermos um mundo melhor e que não adianta culpar Deus por nossos fracassos nesta missão.

Materiais da Campanha da Fraternidade 2010 para download
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30.3.10

O Analfabeto Político


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Bertold Brecht
(1898-1956)
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28.3.10

Direito ao Trabalho Solidário




Nesta segunda, 29.03.2010, estarei palestrando na abertura da Conferência Metropolitana de Economia Solidária, sobre “o direito ao trabalho solidário”.
Entendemos que o Trabalho Solidário diz respeito ao trabalho feito em cooperação e autogestão, que pode assumir a forma do trabalho em cooperativa, do trabalho associado, do trabalho autônomo articulado em rede, do trabalho em empreendimentos coletivos que conformam arranjos produtivos e demais formas que possuam natureza semelhante a estes.

Do Feudalismo ao Capitalismo

Adianto aqui, que uma das linhas de argumentação será construída refletindo a passagem processual do modo de produção feudal, baseado no trabalho em regime de servidão, e o modo de produção capitalista, sustentado pelo trabalho em regime assalariado. Quando destacaremos que este processo teve a confluência de diversos fatores articulados ao longo de pelo menos dois séculos e não apenas concentrado no período da Revolução Industrial.

Demonstraremos que além das inovações tecnológicas, fatores culturais, religiosos, políticos, sociais e, obviamente, econômicos foram amadurecidos e, ao longo do tempo, transformando as bases da relações de sociabilidade, primeiro aos poucos e quase que imperceptivelmente, mas depois de maneira mais acelerada e evidente a tal ponto que os trabalhadores passaram a recusar o trabalho em servidão, fugindo dos feudos para buscar a alternativa do trabalho assalariado até que este deixou de ser condenado moralmente, perseguido politicamente e inviável economicamente, para se tornar o formato de trabalho que mais gerava prestígio social e político e maior retorno econômico tornando possível a hegemonia do capitalismo sobre outros modos produtivos até hoje.

Do Capitalismo à Sociedade Solidária

Daí, provocaremos o raciocínio paralelo de que a superação do capitalismo – que tal como o feudalismo, não é só um modo de produção, mas um modo de vida – também pressupõem a articulação estratégica de fatores econômicos, políticos, sociais, culturais e tecnológicos que façam brotar novos valores morais e éticos nas pessoas para que estas possam optar por alternativas de como viver e como produzir, na prática, que ofereçam relações sociais e políticas mais humanizadas e maiores retornos econômicos coletivos, de acordo com os novos valores adotados. Base de uma nova sociedade solidária ou socialista.

Por fim, deveremos concluir defendendo que portanto, os que entendem ser necessário a superação do Capitalismo para que a humanidade possa encontrar sua melhor formatação, devem articular estrategicamente diversos fatores que conquistem as pessoas para uma nova hegemonia no regime de trabalho.

E, se nosso sonho ou projeto pode ser sintetizado pela idéia de uma sociedade solidária, tal como penso que deve ser, é preciso reunirmos estrategicamente os mais diversos fatores capazes de formar um amálgama societário constituído por valores morais e éticos, crenças e convicções, relações sociais e políticas, institucionais e jurídicas que sejam cimentadas por uma economia, igualmente, solidária. Para isto, a solidariedade deve estar na base do novo regime de trabalho hegemônico e este é o trabalho solidário, regime em que se supera a relação vertical que se estabelece entre o patrão e o assalariado, para se adotar uma relação horizontal entre parceiros que partilham obrigações, responsabilidades e os resultados econômicos do esforço coletivo, proporcionalmente ao trabalho de cada um, ou como livre e soberanamente cada grupo, ou organização produtiva, estabelecer em comum acordo entre seus membros.

Uma transformação, portanto, que combina pensares e fazeres estrategicamente projetados mas capaz de superar e conviver com as contradições inerentes à natureza humana, tanto na dimensão individual quanto na dimensão social e política. Esta é a revolução que propomos: a liberdade de optar pela solidariedade.
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26.3.10

Debate sobre cultura política na Rádio Web UFPA

Neste sábado, 10hs, vai ao ar debate sobre Cultura política com Arroyo e Edir Veiga, doutor em ciência política, na rádio web da ufpa. Click e acompanhe.


www.radio.ufpa.br


Depois de sábado, o programa ficará para acesso a qualquer tempo no link "Ouça de novo".
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25.3.10

Conferência Metropolitana de Economia Solidária


PROGRAMAÇÃO

I Conferência Metropolitana de Economia Solidária do Pará
“Pelo direito de Produzir e Viver de forma coletiva e Sustentável no Pará e na Amazônia”


Marituba, 29 a 30 de Março de 2010
Local: IESP – Instituto de Educação de Segurança Pública do Pará
Endereço: BR 316, Km 5, Enfrente ao lado do Bombeiro.

1º DIA 29/03

O9h00min – Credenciamento e abertura da Feira de Economia Solidária
15h00min às 15h15min - Abertura dos Trabalhos (Cerimonial)
 Daniele Natércia – daninatercia@yahoo.com.br/ (91) 8215-3332
15h15min às 18h15min - Mesa Oficial de Abertura
 Prefeito de Marituba – Jesus Bertoldo Rodrigues do Couto
 Secretário de Trabalho e Economia Solidária – Frank Andrade Galvão
 Adsmar - Crispim Lemos Wanderley
 Fórum de Empreendedores de Economia Popular e Solidária – FEEPS

18h15min às 19h15min – Conferência Magna: “Pelo direito de Produzir e Viver de forma coletiva e Sustentável no Pará e na Amazônia” - Profº Arroyo
Coordenador – Prefeito

19h15min às 19h45min – Leitura e Aprovação do Regimento Interno
Coordenador: SEMUTES – Frank Galvão
Secretário: ISSAR – Rosângela Pureza
Cronomestrista: CONCAVES – Jonas de Jesus

19h45min – Coquetel e Apresentação Cultural – Fazendinha Esperança (duas apresentações)


2º DIA 30/03
Manhã
08h00min as 08h30min - Abertura dos Trabalhos – Vídeo ES
8h30min às 10:30 – Trabalho em Grupos – Temáticos por eixos
I Eixo Temático: Rosy (DECOSOL) e Miguel (ASCOOP)
II Eixo Temático: Núbia (PITCEPS) e (Gercina Araújo (AD)
III Eixo Temático: Profº Arroyo (ISSAR) / Joana (UNISOL)
Observação: O Coordenador, relator e Cronometrista serão retirados no grupo
10h30min às 10h45min - Intervalo (Visita à Feira de Economia Solidária)
10h45min às 12h30min - Trabalho em Grupos Temáticos por eixos
12h30min às 14h30min - Almoço

Tarde
14h30min às 15h30min - Plenária Final
15h30min às 16h00min – Intervalo (Visita à Feira de Economia Solidária)
16h00min às 17h30min – Plenária Final
17h30min às 18h30min – Eleição dos Delegados(as) a I Conferência Territorial de Economia Solidária.
18h30min – Coquetel (confirmar) 2ª Apresentação Cultural, Desfile de Moda com os produtos da Economia Solidária.
Encerramento – Feira da Economia Solidária
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24.3.10

Causas e consequências do desencanto com a Política




No debate de hoje na UFPA coordenado pelo Prof Antônio Maués, doutor em direito, o Prof. Edir Veiga, doutor em Ciência Política, abriu a discussão colocando que o afastamento da sociedade da vida política é normal na maioria das sociedades. No entanto, avalia que é importante construir espaços de democracia direta que aproxime o status quo político dos problemas cotidianos da população. Enfatizou a importância de uma reforma política ampla que aumente os mecanismos de inclusão da sociedade no dia a dia da política. Se disse decepcionado com o instituto da reeleição e apresentou dados que demonstram que só 4% dos eleitores tem alguma avaliação sobre a atuação do seu parlamentar, para indicar o grau de importância que a sociedade dá ao parlamento concentrando suas expectativas no executivo.

Francisco Costa(Chiquito), doutor em economia, explicou que a dinâmica política está aprisionada em uma lógica econômica em que os atores políticos reproduzem um jogo fisiológico como forma de se perpetuar como político profissional. Lógica que se estabiliza com a acomodação das instituições e demais setores da sociedade em torno deste jogo. Sendo fundamental a intervenção de novos atores, de fora do circuito profissional da política, para que a sociedade volte a ter na política um espaço onde reflitam seus legítimos direitos e demandas.

Arroyo(eu), mestre em economia, resgatou a figura de D. Quixote, para questionar a platéia se os desencantos são devidos a “moinhos de vento” ou dragões de verdade. Apontou a tradição das elites se anteciparem às grandes transformações para que as coisas mudem deixando tudo como está, a espetacularização da vida, e da política, que faz do cidadão espectador alheio à sua própria realidade, o fisiologismo e o patrimonialismo, as marcas fundamentais de nossa cultura política que faz com que as pessoas de bem se enojem com as coisas da política e se afastem. Com isso, os maus tomam conta da política ainda mais impunes criando um círculo vicioso que só será quebrado com a adoção de um comportamento político novo pelas pessoas, a partir de se perceberem como parte, ativa ou passiva, do problema.

Durante o debate, destacou-se a fala do prof. Flávio Nassar, pró-reitor de relações internacionais da UFPA, argumentou que assim como em outros momentos da história, a introdução de tecnologias da comunicação definem a consolidação de sistemas e relações políticas. E, que com a ampliação do acesso à internet há a tendência ao surgimento de novas vias para novos padrões de poder oriundos desta nova configuração em que as redes sociais assumem um protagonismo político que não se originou nos partidos tradicionais e que tende a inovar a própria política.

A avaliação final apontou a necessidade de avançar nesta reflexão buscando identificar novas formas de governo e exercício de poder difuso que estimulem e voltem a encantar as pessoas de bem a fazerem política e assim fazerem da política um lugar de pessoas sérias e honradas.
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22.3.10

Encantos e desencantos da política



Desencantos nascem da ilusão que necessitamos para viver ainda que eles sejam uma visão de algo que não podemos ter
E quando o desencanto se desvela o coração amargurado padece pois de ingratidão ninguém se esquece.



Ao se aproximar as eleições de 2010, fica mais evidente o que temos constatado nestes últimos dois anos trabalhando para a reconstrução de um campo político que retome a política apenas como meio para a materialização de um projeto de sociedade sustentável e solidária, tal como concebemos hoje o sonho socialista: O desencanto com a política.

Esta tem sido a marca da manifestação do sentimento que toma conta de setores médios, particularmente daqueles que nas décadas de 80 e 90 foram jovens combativos, militantes de esquerda que dedicaram anos de suas vidas na derrota da Ditadura Militar, da retomada democrática na luta pelas “Diretas Já”, na construção de partidos socialistas, antes proscritos, que dessem visibilidade e efetividade política à voz dos setores populares, como o PT. Na conquista de avanços democráticos como os Conselhos de Políticas Públicas, mecanismos de controle social, na Constituição de 1988 e no surgimento de novos movimentos sociais que pautaram na sociedade novos direitos, como os das mulheres, negros, índios, homossexuais, deficientes e toda sorte de condição humana que expressava a pluralidade democrática para muito além da política como o espaço da atuação dos partidos.

No entanto, justamente quando a esquerda brasileira mais avançou, setores importantes que foram agentes diretos da construção deste momento, resumem seu sentimento em relação à política como “desencanto”. O que está acontecendo?

Quando se coloca no Google a busca por “encantos e desencantos” caímos em páginas de poesia e referências ao amor, à paixão.

Se isto representa a apreensão cultural que temos da idéia de “encantamento”, significa que estamos no campo da emoção, o que para alguns de nós é apartado da idéia de razão.

Quando relacionamos “encantamento” e política, portanto, tenta-se articular uma dimensão emocional à política, tida como o campo dos interesses e cálculos racionais. Parece uma incongruência. Por outro lado, não seria possível abordar a política pela perspectiva da realização humana que vai muito além do cálculo de interesses individuais no curto prazo, tal como muitos concebem a política?

Refletir sobre o significado do desencanto é uma tarefa incontornável que pode surpreender por não nos levar ao, aparentemente óbvio, enfrentamento entre bons e maus e, significar um amadurecimento necessário de setores fundamentais para construção de uma sociedade mais equilibrada e justa, não como jogo de poder apenas, mas sobretudo como realização humana.

O desencanto é produto de descaminhos que levaram parte importante da esquerda pelos pântanos do mensalão ou apenas a justificativa psicológica dos que não tiveram competência política para ocupar espaços no momento da chegada ao “Poder”?

Diante do desencanto cabe capitular ao fisiologismo mercenário ou se afastar para não contaminar a própria honestidade?

A política é em si, irrevogavelmente vocacionada à corrupção ou é possível pensá-la, sem ingenuidades, como a construção de projetos de sociedade por convicção?

Há respostas que sustentam cada uma destas alternativas, mas a reflexão coletiva ainda é o melhor caminho para dissipar dúvidas e construir as pontes que precisamos para reencontrar nossos sonhos de um mundo melhor.

Vamos ao debate.
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14.10.09

Entrevista para Blog da Edilza



1) Desde quando você é militante do Partidos dos Trabalhadores? e por que esta opção ?
Desde 1982. O grupo político em que militava, o PRC(Partido Revolucionário Comunista) que atuava clandestinamente, acabava de eleger o vereador Humberto Cunha pelo PMDB, como estratégia de enfrentamento às forças da Ditadura Militar que combatíamos, e, como passo seguinte na mesma estratégia, nos filiamos ao PT fazendo assim seu primeiro parlamentar em Belém. No início, a escolha pelo PT era um movimento tático. No entanto, o avanço da democracia que conquistamos nos colocou diante do desafio estratégico de pensar a transformação social não mais a partir de um movimento armado que culminaria com a tomada do poder, mas a partir de movimento de massas combinados com avanços institucionais conquistados em processos eleitorais. Com a constituição de 88, isto de consolidou e acabou fazendo com que nosso grupo, em congresso nacional, decidisse pela dissolução e diluição no seio do PT, para reforçá-lo. Alguns outros grupos que tinham uma organização como a nossa não se diluíram, apenas se converteram em tendência no interior do PT. Talvez por isso, até hoje, tenha gente que não acredite na nossa dissolução e sofra com visões do fantasma do PRC, até hoje.

2) Conte um pouco de sua trajetória no PT ?
Quando entramos no PT, em 82, trouxemos também o maior grupo de militantes estudantis universitários do estado, a Caminhando, entre outros militantes que atuavam no movimento sindical, comunitário, em igrejas e em ong’s. Eu era um dos militantes que organizava o movimento estudantil universitário que foi, ao lado do movimento sindical, uma das principais bases para o fortalecimento do PT em sua primeira década. Período em que lutamos contra a privatização das universidades públicas e tivemos conquistas históricas com a “Meia Passagem”. Depois fui convidado para fundar a UNIPOP(Instituto Universidade Popular) que tinha como missão a formação dos militantes para o enfrentamento político já na democracia e, onde fui educador por 12 anos. Lá, pudemos participar ativamente da primeira eleição direta para presidente, em 89. Na década de 90 é que passei a compor o diretório estadual por um ou dois mandatos, depois fui secretário de formação do diretório estadual, quando ajudamos a coordenar 3 Conferências da Amazônia, fui da coordenação nacional do setorial ambiental do partido, ajudamos a escrever o capítulo “Amazônia” no programa de Lula, em 2002, e minha tarefa mais recente, como militante do partido, foi na assessoria à coordenação da campanha do companheiro Mário Cardoso a prefeito de Belém.

3) Por que tantos candidatos ao PT – Belém? Em sua opinião, o que significa esta disputa, este processo é bom para o PT?
Acho que a unanimidade que se formou em torno do nome de João Batista, nosso candidato a reeleição como presidente estadual, fez com que a disputa interna ganhasse maior expressão na eleição para o diretório do PT Belém e demais municípios. E acho que a oportunidade de exercitarmos a democracia petista ajuda mais o partido do que as disputas frias, como será a estadual. Na disputa há chance de novas idéias na busca de adesões, a militância é procurada e tem a chance de se manifestar como fazia mais ativamente no passado. E acho que este processo em Belém, pelo nível dos candidatos, deve proporcionar um grande momento de reflexão no seio da militância petista.

4) Por que sua candidatura a presidência do PT Belém ? e o que ela difere das outras?
Depois de 28 anos como militante, esta é a primeira vez que sou candidato. Por que?
Porque nunca foi um projeto pessoal, se eu quisesse já teria sido. Eu sempre me coloquei como um técnico, com visão política, um assessor comprometido e um educador engajado aos movimentos populares, acontece que ao longo de todos esses anos fui me decepcionando, como vários outros militantes, com os projetos políticos que apoiamos e falharam em dois pontos principais: Primeiro, a prática política foi mudando até fazer com que o que era construído coletivamente passasse a ser decidido por poucos e até por uma única pessoa. A liderança passou a ser chefia e os militantes passaram a ser funcionários. Lutamos tanto contra a opressão da Ditadura, agora vemos companheiros com medo de expressar suas próprias idéias, por medo de perderem o emprego ou alguma vantagem, acho isso grave. Precisamos voltar a refletir sobre a liberdade para não cairmos em novo tipo de dominação. Segundo, em nosso programa partidário, na estratégia de transformação social rumo ao socialismo, a conquista de espaços públicos, como no parlamento ou executivo, deve ser um meio e não um fim em si mesmo. Os cargos deveriam ser para executar tarefas estratégicas para a construção do socialismo como está na Carta de Princípios do PT, e não para apenas reproduzir feudos políticos. Acho que, como partido, precisamos nos perguntar o tempo todo, o que estamos fazendo de concreto hoje, com o poder que temos, para conquistar a sociedade para o Socialismo? Para convencê-la com atitudes, resultados e argumentos a escolher as soluções que o socialismo propõe à sociedade baseado em valores como a solidariedade, a justiça e a sustentabilidade? Por que não conseguimos fazer do Orçamento Participativo, uma instituição adotada pela sociedade, independentemente de governo? Por que não debatemos abertamente, diante da sociedade, nossas conclusões sobre a dolorosa experiência do “Mensalão” que quase colocou a ruir todo o projeto partidário? Como estamos operando, em cada política pública, para desconcentrar renda e poder na sociedade brasileira? Como estamos enfrentando o debate ideológico na formação de valores na sociedade? E por aí vai. Meu nome surgiu entre companheiros e companheiras que querem construir repostas a essas perguntas, entre outras, com ações práticas, esta é uma das diferenças mais importantes a nosso favor, por onde passamos conseguimos dar respostas práticas e viáveis para desafios políticos programáticos importantes(como vou comentar mais adiante).

5)Por que você não apoiou a candidatura da Secretária Sueli Oliveira, já que vocês dois estão no campo da Mensagem ?
Embora se trate de uma das companheiras mais guerreiras do partido, não foi possível chegarmos a um nome de consenso na Mensagem, por razões relativas à condução da negociação que incide sobre questões programáticas também. A Mensagem não reuniu para escolher um nome para presidente ao PT Belém. Portanto, nem eu nem a Suely somos candidatos da Mensagem, mas tivemos a maturidade de manter a unidade na chapa para o diretório. Ou seja, a chapa da Mensagem tem um corpo e duas cabeças. Aliás duas boas cabeças para a militância escolher. O campo majoritário rachou todo, na cabeça e no corpo. Acho que a unidade programática da Mensagem é mais coerente e pode fazer o partido avançar mais.

6) Se eleito, o que você propõem para o PT Belém?
Pois bem, se os militantes petistas refletirem com cuidado, verão que, de acordo com os documentos básicos do partido, sua Carta de Princípios, seu Estatuto e as resoluções aprovadas no último congresso, a missão do partido é trabalhar, tanto nos movimentos sociais quanto nos espaços públicos, o aprofundamento da cultura democrática, a elaboração e implantação de políticas públicas que resolvam os problemas imediatos vividos pela sociedade e, ao mesmo tempo, construir estas políticas/soluções a partir de valores ideológicos pró socialistas, como a cooperação, a solidariedade, o trabalho e a sustentabilidade. Tudo isso para, através de nosso próprio exemplo, individual, como cidadão/ã e coletivo, como partido, conquistar a sociedade para idéias e práticas que construam a livre opção da sociedade pelo socialismo. Tomando este entendimento estratégico como ponto de partida, estamos propondo iniciar no partido um processo de potencialização e valorização de cada militante partidário a partir de sua própria realidade, onde mora, trabalha, se realiza etc. Para isso, com base na experiência concreta que vivemos na Unipop, no Banco do Povo, entre outras, propomos duas ações político-práticas que passarão a dar ao partido uma enorme força social. Uma ação deve articular a Economia Solidária à militância política de cada filiado e simpatizante e, a outra ação, potencializará a militância política dos filiados através de iniciativas de Controle Social(sobre o espaços públicos). Como propomos funcionar? Veja, somos em Belém mais de 14 mil filiados, sem contar inúmeros simpatizantes. Agora, na dimensão da Economia Solidária, imaginem o partido mobilizando e ajudando a formação ou fortalecendo empreendimentos, urbanos e rurais, que se organizam a partir da cooperação e do trabalho autônomo que reúnem milhares de pessoas. Podem ser cooperativas, associações ou redes de produtores, prestadores de serviços e consumidores. Podemos ajudar nossa militância a constituir clubes de troca, cartão de crédito solidário, banco cooperativo/comunitário, e uma série de outras demonstrações práticas de que uma outra economia já é possível, gerando inúmeros postos de trabalho, sem dever favor a ninguém, atraindo amplas parcelas da sociedade para uma experiência profundamente revolucionária, porque além de exigir a mudança de hábitos, exige também uma mudança de visão de mundo que supere a lógica capitalista da mera competição, da exclusão social, do preconceito e da concentração de renda e poder. Na dimensão do Controle Social, propomos começar com a implantação do Orçamento Participativo interno no PT Belém. Todos os militantes do PT Belém serão convidados a participar de um processo de planejamento e decisão sobre o investimento dos recursos partidários, assim como terão acesso aos dados detalhados dos gastos do partido. A partir desta demonstração efetiva de compromisso com a participação e a transparência, “de dentro de casa”, também atuaremos conformando núcleos de Controle Social nos bairros com nossos militantes e simpatizantes para, com autonomia, exercer uma cidadania mais qualificada e proativa. Grupos que poderão acompanhar a ação dos parlamentares, dos gestores de primeiro escalão do executivo, visando a participação, acompanhamento e fiscalização das políticas públicas. Somaríamos a essa rede de cidadania petista, redes virtuais para promover debates, e até pesquisas de opinião que manifestem a vontade da sociedade. Uma ação que poderá fortalecer enormemente a ação dos parlamentares e gestores petistas comprometidos com a participação social e a transparência no exercício da administração pública. Com isso, ampliaríamos nossa influência política sobre áreas como educação, saúde, segurança, emprego entre outros, em uma dinâmica viva de interação com a sociedade, oferecendo nosso próprio exemplo de ética e compromisso com a democracia, a solidariedade e com a solução definitiva dos principais problemas vividos pela sociedade. Acredito que este seja o único modo de apaixonarmos a sociedade pelo sonho socialista, nestes tempos de tanta desconfiança, desilusão e pragmatismo capitalista.

7) Qual a viabilidade de sua campanha ? você acredita que terá segundo turno?
Pois é, falando em pragmatismo capitalista, não teremos dinheiro para quitar em massa a anuidade de militantes, não teremos dinheiro para pagar vans para levar militantes para votar, nem temos estrutura para trocar apoio por emprego ou poder para constranger adversários e “aliados”. E, ainda que tivéssemos não o faríamos porque temos a convicção de que só se colhe o que se planta. Se vc quer colher o socialismo, tem que plantar cooperação, respeito, trabalho, justiça. Por exemplo, se vc plantar violência e humilhação com o uso irresponsável do poder passageiro que possuir, vc poderá colher tudo, menos fraternidade, liberdade e socialismo. Vc colherá medo, mas respeito, jamais. Portanto, se o cálculo de viabilidade for nos parâmetros do pragmatismo capitalista, estamos fora. Mas se tomarmos como parâmetro a busca do debate aberto e direto com a militância, mesmo sabendo que também teremos que enfrentar relações a partir de filiações em massa, então teremos chance. Espero que o partido mobilize pra valer a militância e demonstre seu compromisso com a construção de um partido inovador. Mas, além disso, trabalharemos muito com visitação presencial e virtual, através da internet. E, acho que pelo número e pela qualidade dos candidatos, se tivermos debates massivos a militância deverá dividir suas escolhas o que tende a levar o pleito a um segundo turno. Mais debate, mais participação, melhor para o partido. Acho que o processo é tão importante quanto o resultado, o que importa é que a vontade majoritária e consciente dos militantes seja feita. Me esforçarei para merecer esta escolha.



Respondendo ao internauta.

Anônimo disse...
ARROYO
HA MUITO TEMPO VOCÊ TRABALHA COM A ECONOMIA SOLIDÁRIA QUE NÃO CONSEGUE NEM ENGATINHAR QUANTO MAIS ANDAR
É ESTA SUA PLATAFORMA PARA A ELEIÇÃO DE 2010
SE FOR , JÁ PERDEU

A Economia Solidária, como movimento social, chegou ao Pará no início dos anos 2000. E, passou a articular experiências produtivas, urbanas e rurais, que se organizavam com base na cooperação e na autogestão. Neste momento eu era coordenador geral do Banco do Povo de Belém. E, foi a partir de nossa gestão, que se organizou o Fórum de Empreendedores da Economia Popular e Solidária que vive ativamente até hoje, ou seja, não foi uma experiência artificialmente fomentada a partir de um órgão de governo. Neste período, também ajudei a fundar a organização nacional de microcrédito sendo seu primeiro vice presidente nacional. Esta posição permitiu que contribuíssemos com a criação da Senaes(Secretaria Nacional de Ecosol do governo Lula) tendo sido convidado por Paul Singer para compô-la, o que declinei em função do chamamento partidário para assumir a chefia de gabinete da Sudam. Indiquei então o Haroldo Mendonça que não era do meu grupo político mas tinha perfil para a tarefa, do que não me arrependo, inovando na prática política do partido. De lá para cá, mesmo tendo perdido o Banco do Povo na lamentável gestão do Dudu, o movimento continuou avançando com autonomia. Já realizou inúmeros eventos, feiras, cursos e se tornou no principal tema debatido no Fórum Social Mundial. Na montagem do governo de Ana Júlia, lá estava a Economia Solidária adotada como um departamento na Secretaria do Trabalho. Mais recentemente acabamos de conquistar a aprovação da Lei Estadual de Economia Solidária e sansionada pela governadora. Diante destes fatos de domínio público, entre outros que seria demasiado citá-los aqui, digo que o movimento pela Economia Solidária tem tido, em apenas 10 anos, grandes avanços, mas claro, muito mais há que conquistar. Conquistas que desde o início não são possíveis para uma pessoa só. Conquistas que eu tenho a honra e a satisfação de ter participado juntamente com tantos outros militantes que, em muitos momentos, até me superaram em competência e dedicação. Sei da importância que tive e tenho, no movimento da Ecosol no Pará e no Brasil, mas não acredito em “salvadores da pátria”, já vi algumas lideranças se apropriarem de trabalhos coletivos para se promover e não concordo com isso. Sem fugir de responsabilidades pessoais, acredito que os grandes avanços e as grandes conquistas só são possíveis quando refletem uma vontade prática coletiva. Por tudo isso, a ecosol, para mim, é uma opção de vida que vai além da política. Não sou eu que a uso, é ela que me usa, e o permito com consciência e prazer por estar convencido que é o melhor para todos, para mim e para você. Se isto me levar à derrota, irei feliz porque terei perdido apenas uma eleição, mas nunca o sonho, nunca a fé no melhor do ser humano, nunca o compromisso com a construção prática da igualdade, da justiça, da democracia e da sustentabilidade como entendo hoje o socialismo, nunca terei perdido a minha dignidade.
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12.10.09

Economia Solidária


Nobel premia teses sobre o papel da cooperação para maior eficiência da economia

Nesta segunda-feira, o Nobel de Economia foi atribuído aos americanos Oliver Williamson e Elinor Ostrom (a primeira mulher a receber este prêmio), por seus trabalhos separados sobre a economia das organizações.
Com a premiação a Ostrom e Williamson, a academia reconhece dois estudiosos que contribuíram de forma decisiva durante três décadas para colocar a política econômica como campo de pesquisa central, demonstrando que as análises econômicas podem jogar luz sobre a maior parte de formas de organização social.
Ostrom demonstrou que as associações de proprietários podem administrar com sucesso propriedades comunitárias, enquanto Williamson desenvolveu uma teoria na qual as empresas servem de estruturas para a resolução de conflitos.
A partir de estudos de propriedades comuns de áreas pesqueiras, pastagens, florestas, lagos e águas, Ostrom concluiu que os resultados são com frequência melhores do que predizem as teorias convencionais, e que os usuários desenvolvem mecanismos sofisticados para tomar decisões e reforçar as regras ao tratar de conflitos de interesses.
Deste, modo Ostrom esclareceu as características centrais do autogoverno, como a participação ativa dos usuários é essencial, e que as regras impostas de fora têm menos legitimidade e há maior probabilidade de que sejam violadas.
Williamson se propôs a esclarecer por que algumas transações ocorrem dentro das empresas e não nos mercados, e concluiu que as organizações hierárquicas emergem quando as transações são complexas ou não standards, e quando as partes são interdependentes.
O marco geral estabelecido por Williamson mostrou também ser produtivo para analisar todo tipo de contrato incompleto, desde os realizados entre membros de uma família aos contratos financeiros entre empresários e investidores.
Ostrom e Williamson sucedem no histórico do prêmio o compatriota Paul Krugman, agraciado por sua análise dos padrões de comércio e da localização da atividade econômica. Destaca-se o fato de os 3 premiados, desde Krugman, trabalharam para demonstrar que laços orgânicos de confiança em torno de pactos éticos, tornam processos econômicos mais estáveis, sustentáveis e mais dinâmicos no sentido de maximizarem a criatividade e a inovação para resolver problemas da sociedade. Também destaca-se que os 3 são autores que incorporam em suas análises econômicas as chamadas “externalidades” expurgadas por outros pesquisadores. Com isso colocam os problemas sociais como, também, econômicos e, portanto, o sucesso econômico não pode ser medido sem se considerar os indicadores sociais, contrariando frontalmente a lógica neoliberal.
O Nobel de Economia, que na realidade se chama Prêmio de Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel, foi adotado em 1969 pelo Sveriges Riksbank (Banco da Suécia), que financia o prêmio, é concedido pela Real Academia Sueca de Ciências e tem a mesma premiação financeira que os outros.
O anúncio do de Economia fecha a rodada de ganhadores dos prêmios Nobel, que será entregue em 10 de dezembro em cerimônia em Estocolmo e em Oslo.
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23.9.09

Aos que ainda sonham

Por um PT autônomo e participativo

1. Após 28 anos de militância política, 27 deles no PT, pela primeira vez me candidato a presidência de uma de suas instâncias. Três são as motivações: Primeiro, a apresentação de uma perspectiva que inicie um movimento onde o militante volte a ser protagonista; segundo, a absoluta falta de alternativas cuja trajetória passada aponte para o futuro compromissos com um PT democrático, autônomo e que faça as pessoas comuns voltarem a sonhar com a transformação social, econômica e cultural da sociedade com base em valores como a equidade, a solidariedade e a justiça. E, terceiro, a promoção do debate da tese da Mensagem ao Partido, que subscrevo.

2. Quando enfrentamos a Ditadura Militar, enfrentamos ao mesmo tempo uma euforia econômica que entrou para a história como o Milagre Brasileiro. Nossa luta era mostrar para as pessoas que a liberdade era tão, ou mais, importante quanto a satisfação das necessidades básicas para a sobrevivência. Assim nossa geração fez sucesso a música que dizia “a gente não quer só comida, a gente quer amor, diversão e arte”(Titãs)

3. Conseguimos fazer a sociedade voltar a sonhar com valores fundamentais ao ser humano como a liberdade e a justiça. Na política isso se expressou no sonho de reconquistar a democracia e fizemos milhões de brasileiros sair de casa para manifestar seu desejo pela volta das eleições diretas em uma das mais lindas jornadas que vivi.

4. No mesmo período, fizemos os estudantes voltar a sonhar com a dignidade de ser cidadão e fazer valer suas reivindicações no memorável movimento pela meia-passagem quando paramos Belém por uma semana com a estratégia do “pulo à roleta” até que conquistamos o que hoje é um direito inquestionável.

5. Nos dois momentos, como em vários outros naquele período, não só não tínhamos estrutura para levar os manifestantes em ônibus e vans – cada um ia por si, acreditem –, como muitos já sabiam que teriam que enfrentar a o batalhão de choque da PM, o que exigia um grau de convencimento e consciência muito elevado. Assim era a militância dos movimentos sociais e do Partido dos Trabalhadores, altiva, firme, autônoma, exatamente porque sonhava.

6. Ora, não há mudança estrutural sem que as pessoas sonhem que é possível reinventar as relações humanas. Naquela época enfrentávamos a perseguição política que não permitia que nossas lideranças e militantes, muitas vezes, tivessem sequer emprego digno, e ainda tinha a política e o SNI(Serviço Nacional de Informação) para coibir a liberdade de agir e pensar politicamente. Portanto, se não sonhássemos, se fôssemos pragmáticos, todos estaríamos nos partidos de direita reduzindo nossa existência a mera sobrevivência.

7. Não por acaso, em 89, quando pela primeira vez apresentamos Lula como candidato à presidência da República cantamos “Sem medo de ser feliz”... e era isso mesmo, fazíamos política sobretudo por prazer, pela libertação, mas sobretudo como ato de liberdade. Em 2002, quando elegemos Lula, bradamos “A esperança venceu o medo”. E isso não faz sentido para quem não sonha.

8. Hoje, as pesquisas da ciência política e de opinião indicam o profundo desencanto da sociedade com os partidos políticos, sem exceção. Um fato que ressalta isso é o surgimento de outras organizações que entraram no cenário político institucional, onde antes apenas os partidos tinham espaço. Hoje, vemos as bancadas de parlamentares por igrejas e categorias profissionais que sentam na mesa de negociação política não como partido, aliás muitos partidos apenas servem de satisfação à legalidade. Mas nós ainda podemos fazer diferente.

9. Diferente dos demais, o PT ainda é visto como um partido que discute a verdadeira política e que representa um ideal. Ainda é o que mais apaixona as pessoas na sociedade em geral. No entanto, há uma grave contradição. No seio de seus militantes, a partir da maioria de seus dirigentes, ou seja, a partir de cima, a prática política majoritária vem forjando um pragmatismo desmedido em que mergulha as relações políticas, em boa parte das tendências, em um mar de fisiologismo onde o exercício de liderança vai sendo substituído pelo de chefia e o de livre militância pelo de “funcionário político”.

10. Esta prática confunde a determinação de alcançarmos resultados com a perda da consciência do militante de seu papel estratégico, reduzindo a estratégia em mera obrigação funcional. O que vem comprometendo exatamente os resultados que deveríamos alcançar.

11. Por exemplo, na Carta de Princípios do PT, ratificada no III Congresso, que me fez aderir ao partido com afinco e entusiasmo, como fez a tantos outros miltantes, todos podem ler:

• “O Partido dos Trabalhadores entende que a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores, que sabem que a democracia é participação organizada e consciente e que, como classe explorada, jamais deverão esperar da atuação das elites privilegiadas a solução de seus problemas.”

• “Afirma, outrossim, que buscará apoderar-se do poder político e implantar o governo dos trabalhadores, baseado nos órgãos de representação criados pelas próprias massas trabalhadoras com vista a uma primordial democracia direta. Ao anunciar que seu objetivo é organizar politicamente os trabalhadores urbanos e os trabalhadores rurais, o PT se declara aberto à participação de todas as camadas assalariadas do país.”

• “O PT afirma seu compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo. Um partido que almeja uma sociedade socialista e democrática tem de ser, ele próprio, democrático nas relações que se estabelecem em seu interior.”


12. A partir destas citações, convido a refletir:

• Se nossa emancipação é obra de nossa autonomia, consciência e iniciativa, não deveríamos retomar o partido como protagonista político autônomo frente às elites sócio-econômcas onde quer que estejam, mesmo quando aliadas nos governos em que somos maioria? Ora, governo não e uma instituição monolítica, é um espaço de coalizão em permanente disputa. Assim, para ajudar os petistas que estão no governo para realizar nosso programa, não seria melhor um partido ativo que mobilize a sociedade em torno das bandeiras partidárias, que exprimem a vontade dos seus militantes?

• Se a principal razão de conquistarmos o poder político é a construção da democracia direta, por que não fazemos do PT um acelerador da cultura do Controle Social(da Sociedade sobre o Estado), retomando sua natural vocação de expressão política organizada dos movimentos sociais populares?

• Se a construção do socialismo pressupõe a da democracia, de dentro para fora do próprio partido, porque não retomamos a organização dos núcleos de base? Se propomos o Orçamento Participativo para a Sociedade, por que não instituímos o OP do PT? Por que não estimularmos entre nossos filiados a prática da Economia Solidária, do Cooperativismo, da Reciclagem, da Preservação, do Controle Social, da Educação Política continuada, do Respeito à diversidade da condição humana entre outras práticas pró-socialistas que se pode adotar desde já e independentemente do Estado?

• Se este processo todo exige uma militância consciente, por que a formação política foi abandonada por tanto tempo, só retornando agora com a bem-vinda Escola Nacional de Formação? Hoje somos mais de 14 mil militantes só em Belém do Pará, a metade filiados em massa, no último prazo de filiação. Será que sabem, com substância, que o PT é um partido socialista? Aliás, será que os filiados antes destes sabem o que significa ser socialista? Se há tantos socialistas militantes, não seria o caso de sermos mais ousados em nossas ações culturais e políticas? Por que não conseguimos fazer uma oposição sistemática e de envergadura a um governo lamentável como o do Sr. Duciomar Costa, prefeito reeleito de Belém?

13. Estas indagações pairam em algumas cabeças mas que, no entanto, não se permitem questionar com medo de serem confundidas como “de oposição”, como rebarbados. Sentem medo de serem excluídos, exonerados...Mas não tínhamos vencido o medo?

14. Companheiros, após 27 anos de militância petista, tenho certa clareza sobre como funciona o partido, como as tendências operam e que esta é uma cultura geral que enquadra a todos nós. Portanto, esta candidatura é um ato de fé de quem acredita que o ser humano é capaz de inverter lógicas perversas, que é capaz de sonhar nas condições mais adversas da vida, e exemplos não faltam: Mandela sonhou, por isso conseguiu passar 32 anos no cárcere sem perder a dignidade e se tornar uma das figuras mais importantes do planeta. Pedro Tierra, nosso poeta petista, sobreviveu à tortura da Ditadura Militar no Brasil porque sonhou em poesias que passava para fora da prisão enroladinhas dentro de canetas bic e hoje continua firme, sonhando.

15. Também sonharam com firmeza, o por isso obtiveram resultados práticos que mudaram o mundo, Jesus, Giordano Bruno, Ganhdi, Gramsci, Marx, Lenin, Bretch, Rosa de Luxemburgo, Frida Kalo, Picasso, Chê, Lula e todos e todas que os acompanharam, sem o que jamais seriam o que foram. Venha e traga mais gente pra sonhar com a gente.

João Claudio Tupinambá Arroyo
Candidato a presidente do Diretório Municipal de Belém do Partido dos Trabalhadores
Setembro de 2009
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14.9.09

"Nesse Dia"




“Nesse dia” 11 de setembro de 1973, Salvador Allende era assassinado.

Não vou renunciar! Colocado numa encruzilhada histórica, pagarei com minha vida a lealdade ao povo. E lhes digo que tenho a certeza de que a semente que entregamos à consciência digna de milhares e milhares de chilenos, não poderá ser ceifada definitivamente. [Eles] têm a força, poderão nos avassalar, mas não se detém os processos sociais nem com o crime nem com a força. A história é nossa e a fazem os povos. Viva o Chile! Viva o povo! Viva os trabalhadores! Estas são minhas últimas palavras e tenho a certeza de que meu sacrifício não será em vão. (Allende em 11 de setembro)

Nesse dia 11 de setembro de 1973, Salvador Allende, presidente democraticamente eleito do Chile era brutalmente assassinado.
Eram assassinados também, mais de uma dezena de militantes de esquerda de seu governo, e militantes do MIR que faziam sua segurança.
Allende e o pequeno grupo dispensaram todas pessoas de dentro do palácio La Moneda, e mantiveram-se na sede do governo até o fim.
Teve-se o início do bombardeio.

Os assassinos são públicos, a CIA Americana e os Militares Chilenos, em especial o General Augusto Pinochet, hoje tido como um dos maiores criminosos do planeta, facínora comparado a Hitler. Na arquitetura do golpe estava ainda a Igreja Católica (através de seu Partido Cristão) e a burguesia Chilena. Mais de 1 milhão de pessoas foram as ruas no Chile.

Manter viva a memória de Allende, é seguirmos construindo a autogestão dos trabalhadores/as, a construção do “poder popular”, elemento central no Governo de Allende que sucitou o golpe.

Vamos registrar aqui a cada 11 de setembro o brutal assassinato de um líder e de um povo, por que não esquecer destes momentos é de fundamental importância para eles não retornarem mais.

Salvador Allende – Presente.
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30.8.09

Sonho de Liberdade

Discurso do Prof. João Claudio Tupinambá Arroyo, paraninfo geral, na Colação de grau da Faculdade do Pará/Universidade Estácio de Sá em Belém, 29 de agosto de 2009

Meus queridos colegas, que hoje colam grau, com quem dividi a sala de aula estes últimos anos, para mim muito mais que um trabalho, uma opção de vida.

Senhoras e senhores,

Quando fui informado que seria o paraninfo geral. Fiquei muito emocionado, muito honrado e muito inseguro. Fiz o que o marketing diz que se deve fazer quando se está inseguro: pesquisa, porque a resposta está quase sempre no outro. Saí perguntando a vários amigos o que deveria dizer. A maioria disse que esta teria que ser uma última aula. Mas nestes vinte e poucos anos como educador eu aprendi que não existe “ensinar”, que só existe “aprender”, o educador oferece oportunidades de aprendizado e, as pessoas apreendem segundo seus próprios atributos, acúmulos anteriores, disposição e dedicação. Por isso, não será uma aula, mas a partilha de coisas para mim muito importantes entre aquilo que consegui aprender na vida.

A última vez em que discursei em uma colação de grau, protagonizei um fato que se tornou manchete nos jornais do dia seguinte. Era 1983 e o Brasil vivia uma longa e pesada Ditadura Militar. Eu era do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Pará, tinha 21 anos e o ponto alto do discurso foi quando o general, comandante-em-chefe da oitava região militar, diante das críticas que fazíamos ao regime, não agüentou, se levantou e se retirou da solenidade que acontecia no ginásio de esportes, totalmente lotado.

Aquele foi um dia de festa, porque tudo o que tínhamos feito era produto de um longo trabalho em equipe, a elaboração do discurso como recurso de comunicação, a administração da imprensa para tornar o fato notícia, a contabilidade das faixas onde se lia “Abaixo a Ditadura” que surgiam na arquibancada... tudo tinha sido um trabalho a muitas mãos para que ali pudéssemos de alguma forma ajudar o país a reencontrar o caminho da democracia para fazer valer o nosso direito. Cedo aprendi que não somos nada sozinhos e que nem nossos sonhos se realizam, se não soubermos somar com outros, ombro-a-ombro, com humildade mas sem submissão. Aprendi que é possível mudar o mundo para melhor, no que estou empenhado até hoje, por isso sou educador.

Aquele era um tempo em que ao mesmo tempo que alguns diziam “não adianta tentar, nada vai mudar” e o filósofo Lulu Santos alimentava o pessimismo dizendo “assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade”, o livro mais lido era “Tudo que é sólido desmancha no ar” de Marshall Berman. Porque o que queríamos refletir não era “como” caminha a humanidade, mas para “onde” caminha a humanidade, porque aprendemos que a direção é mais importante que a velocidade.

E, de fato, de lá para cá muitas mudanças ocorreram, a supostamente indestrutível Ditadura Militar teve que engolir o retorno dos exilados políticos, gente como Brizola, Arraes, Gabeira, mas também gente como Paulo Freire, Caetano Veloso e Gilberto Gil – a Ditadura havia expulsado do Brasil a inteligência. Para eles inteligência era o SNI.

O país retomou as eleições diretas, voltou às liberdades democráticas, mas a partir daí se viu diante de uma realidade até então encoberta, uma Ditadura mais dura e cruel que a militar, a Ditadura da fome, a ditadura econômica da concentração de renda e poder que vivemos ainda.

A tarefa que começamos há vinte e poucos anos, está inconclusa, porque a Democracia não basta que seja política, é preciso que seja econômica, econômica não apenas de valores materiais, mas também de valores morais. Minha geração fez o que pode e precisa se juntar a novas gerações que partilham do mesmo sonho de uma nação desenvolvida, justa, sustentável e solidária. É como diria o poeta Beto Guedes, “Vamos precisar de todo mundo, um e um é sempre mais que dois, para construir a vida nova é preciso repartir melhor o pão. A felicidade mora ao lado...”

Hoje temos a alegria de testemunhar e participar da volta da filosofia e da sociologia como matérias obrigatórias no ensino dos jovens, o que certamente daqui há mais 5 a 10 anos fará muita diferença. Também somos testemunhas vivas da inclusão de mais de 20 milhões de brasileiros antes a mercê da indigência. Vocês lembram da dívida externa?, que dizíamos “eterna”, acabou, agora somos credores do FMI. Se alguém dissesse isso no meu tempo de estudante correria o riso de ser internado em um manicômio. Recuperamos a soberania e a dignidade enquanto nação. Todos contribuimos para que a grande crise econômica de hoje, no Brasil, fosse só uma marolinha, o digo como mestre em economia, e vivemos um momento de grandes perspectivas, “como nunca antes na história deste país, companheiros”.

Mas grandes desafios permanecem. Enquanto pagamos, como contribuintes, de 1.500 a 1.700 reais por mês, sem incluir o custo do processo jurídico, para manter um delinqüente preso, pagamos apenas de 150 a 200 reais, na média nacional, para manter um aluno na escola pública. Ou seja, nós pagamos, com nosso dinheiro, fruto do nosso trabalho, 10 vezes, ou mais, para manter cárceres do que manter escolas, justamente onde as crianças e jovens deveriam absorver valores como a paz, o respeito mútuo e o direito ao trabalho, cuja ausência é a causa mais profunda do estado de violência urbana que vivemos.

Epa! Mas quem decidiu que o dinheiro público, o nosso dinheiro, fosse investido desta maneira? No entanto, para não cairmos no lugar comum e inóquo de colocar a culpa nos outros, temos que colocar a “mão na consciência”, quanto disso só foi possível porque nos omitimos? Desculpem, mas sou como o filósofo do direito Boaventura de Souza Santos que se auto define, um “otimista trágico”. Aquele que vibra com as possibilidades de construção de um mundo justo mas está atento para as limitações éticas que vivemos a partir de cada um de nós e que somente daqui e daí de dentro poderemos superá-las. É apenas uma questão de escolha.

O mesmo tipo de escolha que nossos colegas, os colandos de hoje, fizeram quando resolveram superar todos os obstáculos possíveis e imagináveis para chegar até este momento que marca uma grande vitória e conquista de cada um e de cada família. Grande do tamanho da luta, do sofrimento e da tenacidade de cada um. Uma vitória que não veio por acaso, todos os dias vocês levantavam e diante de vocês estava a escolha, parar ou continuar a mudar. Vocês escolheram mudar para melhor como profissional, como pessoa, como cidadão.

Mas,... há sempre um “mas”,... para mudar de vida é preciso convencer outros porque a vida é um fenômeno em sociedade e é preciso conquistar os sócios para o mesmo projeto. A transformação da vida só é possível como sonho que se realiza, como ação coletiva, organizada e responsável.

E chegou a hora de vos dizer, como um dia disse Mandela “nos fizeram aprender a temer nosso próprio poder, é a nossa própria luz que mais nos assusta e não a escuridão em que nos meteram. Muitos se perguntam ‘Quem sou eu para brilhar e ser livre?’ E eu pergunto ‘quem você pensa que é para não sê-lo?’, ‘Com que direito você abre mão de ser livre?’ Porque a liberdade é um processo social e solidário em cadeia e eu somente serei livre se você o for também”.

Mandela passou 32 anos preso por defender o fim da escravidão e do racismo legalizado na África do Sul, e da prisão liderou o movimento que em seguida o conduziu a presidente daquele país que hoje é um dos que mais cresce no mundo. As prisões são incapazes de aprisionar sonhos de liberdade. Estes apenas podem ser auto-aprisionados. Porque somos capazes de aprender tudo, até a ter medo de ser feliz.

Neste mundo em que, como nos revela o revolucionário dramaturgo Nelson Rodrigues, “o dinheiro compra tudo, até amor sincero”, optar pela liberdade não é fácil porque isto exige ética, aquele refúgio permanente e seguro que os seres humanos devem construir entre si, como aprendemos com os gregos da antiguidade. Porque isto exige mais do que fazer o certo, exige fazer o certo todo dia.

Mas como vocês, “os desertos que atravessei, ninguém me viu passar...” mas me fez acreditar e praticar profundamente tudo o que lhes disse hoje. Por isso, aproveitando deste momento de festa e alegria os convido a fazer parte do movimento dos homens e mulheres de bem, únicos capazes de sonhar com um mundo melhor para si, seus filhos e netos, e na prática como administradores e profissionais do direito escolherem aquilo que liberta, aquilo que enfim nos realiza como seres humanos.

Que o sucesso de vocês seja pleno e longo,

Muito Obrigado.
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19.7.09

Me perguntaram como estou...

Por aqui a luta segue. Mesmo enfrentando um duelo desigual, seguimos...

E seguimos porque não temos outra alternativa em função do que acreditamos e sonhamos.

Mesmo neste momento de absoluto pragmatismo, ainda sonhamos... isto faz valer a pena.

Vc já viu aquela pergunta "Vc acredita em milagres?". Pois é, nós acreditamos.

Nós acreditamos que é possível fazer dos seres humanos algo maior do que chacais a espreita da mais ínfima oportunidade de assaltar seja carne ou carniça, seja do inimigo ou do irmão de sangue. Acreditamos que assim é possível contribuir para fazer do mundo um lugar digno de nossos filhos e fazer dos nossos filhos gente digna de um mundo melhor.

E acho que se fosse fácil não prestava, seria banal. Às vezes acho que não precisava ser tão difícil assim, mas se é pra ser vamos caprichar.

Hoje vi na tv o aniversário de Mandela. O cara passou 28 anos na prisão por causa de suas idéias. Entrou jovem e saiu velho. Mas com as idéias intactas, novinhas como entraram. E vivas, mais vivas do que nunca. Se tivermos que passar mais anos nesta prisão ao fisiologismo, certamente será para apurarmos ainda mais as idéias e como Mandela, nos manter intactos ideologicamente.

Mas o mais gostoso é concluir que, no fundo, o que o manteve Mandela intacto foi sua capacidade de sonhar. Neste ponto o duelo é desigual ao nosso favor. Porque somos capazes de sonhar e a cada dia que amanhece, mais uma vez, nos sentimos fortes para continuar a semeadura...

Seja Mandela
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29.5.09

Fazer faz toda a diferença

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20.11.08


Surge a REDE CIDADANIA SOLIDÁRIA como opção de
cidadania efetiva e consciente

Acompenhe aqui os trabalhos e debates da RCS.
Veja abaixo vídeo sobre Solidariedade

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21.2.07

Para que servem as provas


Todo início de semestre letivo, me lembro daquela estória em que o jovem que a família, com muito esforço, tinha mandado estudar fora, escreveu contando novidades. Que havia dado muita sorte, pois tinha sobrevivido ao incêndio que provocara na pensão em que morava ao dormir embriagado e deixar o cigarro de maconha que fumava cair no cobertor que o embrulhava e a um amigo com quem dormia abraçado e nu. Mas que os pais não se preocupassem porque o prejuizo poderia ser pago em até uma semana. Que havia dado mais sorte ainda porque tinha sido socorrido pela cozinheira da pensão, D. Clotilde, de 75 anos por quem se apaixonara perdidamente, "uma pessoa incrível" , que lhe deu carinhos que em seus 20 anos jamais conhecera. E que aproveitava para convidar os pais para seu casamento com D. Clotilde, mas que não se preocupassem com os prepartivos pois seus 5 futuros enteados, todos entre 40 e 50 anos, já estavam cuidando de tudo e só mandariam a conta para ser paga pelos pais do noivo. Mas antes que os pais morressem de desgosto, o rapaz esclarecia: "Calma, era tudo mentira, é que ele tinha ficado reprovado em Português e Matemática e queria explicar que há coisas piores.

De fato, há coisas piores. Mas aprender é a única coisa que você tem e ninguém lhe tira. Aprender a aprender é melhor ainda porque fica proresto da vida e se multiplica sozinho. Agora, quem ensina não é o professor, é a vida. E, você pode aprender até na sala de aula, só depende de você. Esta é a grande prova.
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27.11.06

Deitado Em Berço Esplêndido



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14.11.06

Em primeira mão


Ana Júlia quer paz no campo como objetivo central de seu governo

Em entrevista exclusiva ao Prof Arroyo, para a revista Teoria e Debate de circulação nacional, Ana Júlia de Vasconcelos Carepa, 48, revelou que como cidadã seu desejo é acabar com a violência no campo.

Justificou que como pessoa não suporta mais ver tanta injustiça e tantos desmandos que usam a violência para oprimir populações que já sofrem tanto. E adiantou que trabalhará em várias frentes: econômica, social, política e jurídica para alcançar este desejo pessoal.

Ana Júlia, que de vereadora a governadora, venceu 5 das 6 eleições que disputou, disse que se sente como qualquer um do povo que chegou como governadora e agora quer provar que é possível acelerar a transformação da sociedade para que esta desenvolva mais equilibrada e solidária.

Sobre os aliados, fez questão de frisar que as alianças se deram em cima de um programa, "que o povo escolheu", portanto, quem quer que assuma as secetarias deverá trabalhar para o mesmo programa seja de que partido for.

Ana Júlia, no PT desde 1982, derrotou Almir Gabriel, ex-governador - que recentemente teve o dissabor de ver seu filho preso por corrupção - interrompendo 12 anos de governos tucanos no estado do Pará.

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4.11.06

Quadro Político: confira



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2.11.06

Análise de Conjuntura


A sabedoria do povo e a política
João Claudio Arroyo


Eu devo muito, muito, à sabedoria do povo brasileiro. Muita gente, durante muito tempo, achou que poderia manipular a consciência do povo brasileiro. E o povo brasileiro disse em alto e bom som: eu sou dono do meu nariz, eu consigo pensar e entender o que está acontecendo no Brasil e não vou acreditar nas mentiras que estão sendo contadas"
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reeleito

A vitória de LULA e os desafios do futuro

A posse de Lula atraiu uma multidão, mas as fontes são imprecisas quanto a isto, variando o número de presentes entre setenta e duzentas mil pessoas. Estamos falando de 2002. O tamanho da multidão, na verdade, conta pouco, dado o imenso valor simbólico e a importância do momento que congregava toda aquela gente: Tudo o que o Brasil fez foi eleger um retirante, operário e líder sindical, filho de uma mulher guerreira, para o mais alto cargo político nacional, o que marca a relevância do fato e o ineditismo da situação, em termos nacionais e internacionais.De fato, a ascensão no Brasil de um operário a Presidente da República é um fenômeno que tem atraído os olhares e as análises do mundo inteiro. Jornalistas, cientistas sociais, politicólogos, economistas e observadores de todos os continentes tentam analisar e avaliar as linhas de força desse fenômeno, procurando entender seus antecedentes históricos e prognosticar seus possíveis desdobramentos.A história de Lula percorre simultaneamente diversos caminhos interpretativos, em abordagens que vão da biografia à análise histórico-institucional. Mas sua história pessoal não dá margens a especulações sobre porque se construiu como alternativa de poder.
Para começar, o perfil do operário-presidente. Com uma história que se repete aos milhões, Lula chegou a São Paulo como retirante nordestino. Sua infância e juventude foram sofridas, assim como de sua família e amigos. Formado pelo SENAI, certificado como torneiro mecânico, como milhares de jovens, empregou-se na Vilares e das contradições entre o Capital e a vida dos operários iniciou sua militância sindical e política – revelando uma trajetória dura, permeada de dificuldades, mas cheia de humanidade e de esperança num futuro melhor para si mesmo e para todos os brasileiros. Isto desemboca, naturalmente, na história do PT, que construiu desde os primórdios, com seus ideais generosos, seus personagens marcantes, seus conflitos e suas vitórias.
A vitória em 2002 e a reeleição em 2006, desafia nossas reflexões sobre nossas instituições políticas e procedimentos eleitorais, além de refletir sobre os impasses e contradições que o governo Lula enfrentou e tem de enfrentar – isto é, os enormes problemas que este governo herdou de FHC e que precisa equacionar. Temas como a Reforma Política, o desenvolvimento econômico, a inserção internacional do Brasil, as políticas fiscal e monetária e a inclusão social são centrais e merecem ser tratadas com rigor e clareza, para conquistarmos as mudanças necessárias em cada uma dessas áreas, conscientes de suas possibilidades concretas e suas limitações.
(Solicite a íntegra deste artigo pelo email arroyo@click21.com.br)

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16.10.06

CPI DO ELEITOR

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3.10.06

Juventude entre a Política e a Violência


Se prestarmos atenção nos discursos dos políticos, nenhum defende a situação em que vivemos. Mesmo além da política, esquerda e direita, jovens e velhos, mulheres e homens, negros e brancos, pobres e ricos, todos, sem exceção condenam a tendência à miséria, à exclusão, à violência, à devastação, à educação e saúde sem qualidade etc. Mas, afinal quem é o responsável por vivermos assim.
Ora quem..., nós mesmos, é claro. Portanto, se quisermos soluções de verdade não podemos entrar no caminho aparentemente mais cômodo de procurar os culpados. Os culpados, por ação ou omissão, somos nós e as gerações que nos antecederam. Sendo assim, só nos interessa uma coisa: Transformar a realidade que está aí e se agrava cada vez mais se não mudarmos seu curso.
O que nos importa no presente é o futuro. O passado não podemos mudá-lo, o máximo é aprender com ele. O futuro será o resultado de nossa determinação em mudar a nós mesmos, já que o presente é assim porque somos como somos. Esta não é uma tarefa para qualquer um. Esta é uma tarefa digna dos jovens, seja qual for a idade.
Na disciplina Marketing Político que ministrei no primeiro semestre de 2006 na FAP, pudemos nos deparar com uma realidade muito dura. A primeira fase teórica, quando recuperamos as raízes da filosofia política, foi marcada por posicionamentos críticos com relação à prática política no país. A falta de ética, a corrupção e o descompromisso com os eleitores foram os pontos mais repugnados. No entanto, na segunda fase prática, quando simulamos as condições de uma disputa eleitoral que foi um grande sucesso envolvendo a faculdade como um todo, foi possível observar a simples reprodução pela maioria de quase tudo que se vê no dia-a-dia da política tradicional: a tal falta de ética, a troca de votos por brindes e favores e a prioridade da simpatia em detrimento do debate de programa e propostas. Tudo isso, com o respectivo reforço do eleitorado.
Em pesquisa realizada através de enquete no blog
www.professorarroyo.blogspot.com , tivemos, como ideal de político os seguintes perfis:
Quase um terço dos votantes escolheu o perfil “realizador, honesto e popular”. Se somarmos o segundo perfil mais votado, “honesto, culto e trabalhador” chegaríamos a mais de 53% dos participantes da enquete que enfatizam um tipo “fazedor honesto”. Apenas no terceiro lugar, com 20,21% dos votos surge um perfil que destaca o compromisso com a democracia. Esta tendência já foi detectada em pesquisas bem mais rigorosas, ou seja, entre a democracia e a solução concreta dos problemas diários, a maioria, se tiver que sacrificar um dos dois, sacrifica a democracia.
A medida que a política deixa de ser vista como o palco privilegiado de amplas e participativas negociações sociais, coletivas, em torno das soluções para os problemas públicos. A medida que cresce a aversão à política pelo imaginário popular que vai sendo engendrado pela mídia em torno da vinculação quase natural à corrupção. E, a medida que os grupos privados que digladiam pelos fundos públicos, sem parâmetros éticos, seguem na peleja mesmo que acabem por destruírem-se mutuamente e mesmo que se destrua a frágil experiência democrática que o país vive. A medida que tudo isso ocorre, só resta a “justiça” pelas próprias mãos. O desencanto da sociedade com a política é visível, particularmente entre os jovens.
(O texto na íntegra pode ser solicitado pelo email arroyo@click21.com.br)
Prof Arroyo.
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26.9.06


" Enquanto não tivermos participação direta na política e controle da sociedadesobre o Estado(executivo, legislativo e judiciário), só apelando para o altíssimo"
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20.9.06

NOVOS PARTIDOS

Pensando bem, será que resolveria? Se quem está em Brasíliafoi eleito pelo povo, teríamos que explodir o povo. Mas povo não se explode, seeduca. É o povo educado que transforma a realidade em que vivemos, a política eo mundo.
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