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24.3.10

Causas e consequências do desencanto com a Política




No debate de hoje na UFPA coordenado pelo Prof Antônio Maués, doutor em direito, o Prof. Edir Veiga, doutor em Ciência Política, abriu a discussão colocando que o afastamento da sociedade da vida política é normal na maioria das sociedades. No entanto, avalia que é importante construir espaços de democracia direta que aproxime o status quo político dos problemas cotidianos da população. Enfatizou a importância de uma reforma política ampla que aumente os mecanismos de inclusão da sociedade no dia a dia da política. Se disse decepcionado com o instituto da reeleição e apresentou dados que demonstram que só 4% dos eleitores tem alguma avaliação sobre a atuação do seu parlamentar, para indicar o grau de importância que a sociedade dá ao parlamento concentrando suas expectativas no executivo.

Francisco Costa(Chiquito), doutor em economia, explicou que a dinâmica política está aprisionada em uma lógica econômica em que os atores políticos reproduzem um jogo fisiológico como forma de se perpetuar como político profissional. Lógica que se estabiliza com a acomodação das instituições e demais setores da sociedade em torno deste jogo. Sendo fundamental a intervenção de novos atores, de fora do circuito profissional da política, para que a sociedade volte a ter na política um espaço onde reflitam seus legítimos direitos e demandas.

Arroyo(eu), mestre em economia, resgatou a figura de D. Quixote, para questionar a platéia se os desencantos são devidos a “moinhos de vento” ou dragões de verdade. Apontou a tradição das elites se anteciparem às grandes transformações para que as coisas mudem deixando tudo como está, a espetacularização da vida, e da política, que faz do cidadão espectador alheio à sua própria realidade, o fisiologismo e o patrimonialismo, as marcas fundamentais de nossa cultura política que faz com que as pessoas de bem se enojem com as coisas da política e se afastem. Com isso, os maus tomam conta da política ainda mais impunes criando um círculo vicioso que só será quebrado com a adoção de um comportamento político novo pelas pessoas, a partir de se perceberem como parte, ativa ou passiva, do problema.

Durante o debate, destacou-se a fala do prof. Flávio Nassar, pró-reitor de relações internacionais da UFPA, argumentou que assim como em outros momentos da história, a introdução de tecnologias da comunicação definem a consolidação de sistemas e relações políticas. E, que com a ampliação do acesso à internet há a tendência ao surgimento de novas vias para novos padrões de poder oriundos desta nova configuração em que as redes sociais assumem um protagonismo político que não se originou nos partidos tradicionais e que tende a inovar a própria política.

A avaliação final apontou a necessidade de avançar nesta reflexão buscando identificar novas formas de governo e exercício de poder difuso que estimulem e voltem a encantar as pessoas de bem a fazerem política e assim fazerem da política um lugar de pessoas sérias e honradas.

Um comentário:

marcel disse...

valeu o resumo. Lamento que só fiquei sabendo um dia depois deste evento tão oportuna e com palestrantes que nos ajudam a pensar o "jogo" político. Abs Marcel