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30.3.10

O Analfabeto Político


O pior analfabeto é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Bertold Brecht
(1898-1956)
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28.3.10

Direito ao Trabalho Solidário




Nesta segunda, 29.03.2010, estarei palestrando na abertura da Conferência Metropolitana de Economia Solidária, sobre “o direito ao trabalho solidário”.
Entendemos que o Trabalho Solidário diz respeito ao trabalho feito em cooperação e autogestão, que pode assumir a forma do trabalho em cooperativa, do trabalho associado, do trabalho autônomo articulado em rede, do trabalho em empreendimentos coletivos que conformam arranjos produtivos e demais formas que possuam natureza semelhante a estes.

Do Feudalismo ao Capitalismo

Adianto aqui, que uma das linhas de argumentação será construída refletindo a passagem processual do modo de produção feudal, baseado no trabalho em regime de servidão, e o modo de produção capitalista, sustentado pelo trabalho em regime assalariado. Quando destacaremos que este processo teve a confluência de diversos fatores articulados ao longo de pelo menos dois séculos e não apenas concentrado no período da Revolução Industrial.

Demonstraremos que além das inovações tecnológicas, fatores culturais, religiosos, políticos, sociais e, obviamente, econômicos foram amadurecidos e, ao longo do tempo, transformando as bases da relações de sociabilidade, primeiro aos poucos e quase que imperceptivelmente, mas depois de maneira mais acelerada e evidente a tal ponto que os trabalhadores passaram a recusar o trabalho em servidão, fugindo dos feudos para buscar a alternativa do trabalho assalariado até que este deixou de ser condenado moralmente, perseguido politicamente e inviável economicamente, para se tornar o formato de trabalho que mais gerava prestígio social e político e maior retorno econômico tornando possível a hegemonia do capitalismo sobre outros modos produtivos até hoje.

Do Capitalismo à Sociedade Solidária

Daí, provocaremos o raciocínio paralelo de que a superação do capitalismo – que tal como o feudalismo, não é só um modo de produção, mas um modo de vida – também pressupõem a articulação estratégica de fatores econômicos, políticos, sociais, culturais e tecnológicos que façam brotar novos valores morais e éticos nas pessoas para que estas possam optar por alternativas de como viver e como produzir, na prática, que ofereçam relações sociais e políticas mais humanizadas e maiores retornos econômicos coletivos, de acordo com os novos valores adotados. Base de uma nova sociedade solidária ou socialista.

Por fim, deveremos concluir defendendo que portanto, os que entendem ser necessário a superação do Capitalismo para que a humanidade possa encontrar sua melhor formatação, devem articular estrategicamente diversos fatores que conquistem as pessoas para uma nova hegemonia no regime de trabalho.

E, se nosso sonho ou projeto pode ser sintetizado pela idéia de uma sociedade solidária, tal como penso que deve ser, é preciso reunirmos estrategicamente os mais diversos fatores capazes de formar um amálgama societário constituído por valores morais e éticos, crenças e convicções, relações sociais e políticas, institucionais e jurídicas que sejam cimentadas por uma economia, igualmente, solidária. Para isto, a solidariedade deve estar na base do novo regime de trabalho hegemônico e este é o trabalho solidário, regime em que se supera a relação vertical que se estabelece entre o patrão e o assalariado, para se adotar uma relação horizontal entre parceiros que partilham obrigações, responsabilidades e os resultados econômicos do esforço coletivo, proporcionalmente ao trabalho de cada um, ou como livre e soberanamente cada grupo, ou organização produtiva, estabelecer em comum acordo entre seus membros.

Uma transformação, portanto, que combina pensares e fazeres estrategicamente projetados mas capaz de superar e conviver com as contradições inerentes à natureza humana, tanto na dimensão individual quanto na dimensão social e política. Esta é a revolução que propomos: a liberdade de optar pela solidariedade.
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26.3.10

Debate sobre cultura política na Rádio Web UFPA

Neste sábado, 10hs, vai ao ar debate sobre Cultura política com Arroyo e Edir Veiga, doutor em ciência política, na rádio web da ufpa. Click e acompanhe.


www.radio.ufpa.br


Depois de sábado, o programa ficará para acesso a qualquer tempo no link "Ouça de novo".
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25.3.10

Conferência Metropolitana de Economia Solidária


PROGRAMAÇÃO

I Conferência Metropolitana de Economia Solidária do Pará
“Pelo direito de Produzir e Viver de forma coletiva e Sustentável no Pará e na Amazônia”


Marituba, 29 a 30 de Março de 2010
Local: IESP – Instituto de Educação de Segurança Pública do Pará
Endereço: BR 316, Km 5, Enfrente ao lado do Bombeiro.

1º DIA 29/03

O9h00min – Credenciamento e abertura da Feira de Economia Solidária
15h00min às 15h15min - Abertura dos Trabalhos (Cerimonial)
 Daniele Natércia – daninatercia@yahoo.com.br/ (91) 8215-3332
15h15min às 18h15min - Mesa Oficial de Abertura
 Prefeito de Marituba – Jesus Bertoldo Rodrigues do Couto
 Secretário de Trabalho e Economia Solidária – Frank Andrade Galvão
 Adsmar - Crispim Lemos Wanderley
 Fórum de Empreendedores de Economia Popular e Solidária – FEEPS

18h15min às 19h15min – Conferência Magna: “Pelo direito de Produzir e Viver de forma coletiva e Sustentável no Pará e na Amazônia” - Profº Arroyo
Coordenador – Prefeito

19h15min às 19h45min – Leitura e Aprovação do Regimento Interno
Coordenador: SEMUTES – Frank Galvão
Secretário: ISSAR – Rosângela Pureza
Cronomestrista: CONCAVES – Jonas de Jesus

19h45min – Coquetel e Apresentação Cultural – Fazendinha Esperança (duas apresentações)


2º DIA 30/03
Manhã
08h00min as 08h30min - Abertura dos Trabalhos – Vídeo ES
8h30min às 10:30 – Trabalho em Grupos – Temáticos por eixos
I Eixo Temático: Rosy (DECOSOL) e Miguel (ASCOOP)
II Eixo Temático: Núbia (PITCEPS) e (Gercina Araújo (AD)
III Eixo Temático: Profº Arroyo (ISSAR) / Joana (UNISOL)
Observação: O Coordenador, relator e Cronometrista serão retirados no grupo
10h30min às 10h45min - Intervalo (Visita à Feira de Economia Solidária)
10h45min às 12h30min - Trabalho em Grupos Temáticos por eixos
12h30min às 14h30min - Almoço

Tarde
14h30min às 15h30min - Plenária Final
15h30min às 16h00min – Intervalo (Visita à Feira de Economia Solidária)
16h00min às 17h30min – Plenária Final
17h30min às 18h30min – Eleição dos Delegados(as) a I Conferência Territorial de Economia Solidária.
18h30min – Coquetel (confirmar) 2ª Apresentação Cultural, Desfile de Moda com os produtos da Economia Solidária.
Encerramento – Feira da Economia Solidária
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24.3.10

Causas e consequências do desencanto com a Política




No debate de hoje na UFPA coordenado pelo Prof Antônio Maués, doutor em direito, o Prof. Edir Veiga, doutor em Ciência Política, abriu a discussão colocando que o afastamento da sociedade da vida política é normal na maioria das sociedades. No entanto, avalia que é importante construir espaços de democracia direta que aproxime o status quo político dos problemas cotidianos da população. Enfatizou a importância de uma reforma política ampla que aumente os mecanismos de inclusão da sociedade no dia a dia da política. Se disse decepcionado com o instituto da reeleição e apresentou dados que demonstram que só 4% dos eleitores tem alguma avaliação sobre a atuação do seu parlamentar, para indicar o grau de importância que a sociedade dá ao parlamento concentrando suas expectativas no executivo.

Francisco Costa(Chiquito), doutor em economia, explicou que a dinâmica política está aprisionada em uma lógica econômica em que os atores políticos reproduzem um jogo fisiológico como forma de se perpetuar como político profissional. Lógica que se estabiliza com a acomodação das instituições e demais setores da sociedade em torno deste jogo. Sendo fundamental a intervenção de novos atores, de fora do circuito profissional da política, para que a sociedade volte a ter na política um espaço onde reflitam seus legítimos direitos e demandas.

Arroyo(eu), mestre em economia, resgatou a figura de D. Quixote, para questionar a platéia se os desencantos são devidos a “moinhos de vento” ou dragões de verdade. Apontou a tradição das elites se anteciparem às grandes transformações para que as coisas mudem deixando tudo como está, a espetacularização da vida, e da política, que faz do cidadão espectador alheio à sua própria realidade, o fisiologismo e o patrimonialismo, as marcas fundamentais de nossa cultura política que faz com que as pessoas de bem se enojem com as coisas da política e se afastem. Com isso, os maus tomam conta da política ainda mais impunes criando um círculo vicioso que só será quebrado com a adoção de um comportamento político novo pelas pessoas, a partir de se perceberem como parte, ativa ou passiva, do problema.

Durante o debate, destacou-se a fala do prof. Flávio Nassar, pró-reitor de relações internacionais da UFPA, argumentou que assim como em outros momentos da história, a introdução de tecnologias da comunicação definem a consolidação de sistemas e relações políticas. E, que com a ampliação do acesso à internet há a tendência ao surgimento de novas vias para novos padrões de poder oriundos desta nova configuração em que as redes sociais assumem um protagonismo político que não se originou nos partidos tradicionais e que tende a inovar a própria política.

A avaliação final apontou a necessidade de avançar nesta reflexão buscando identificar novas formas de governo e exercício de poder difuso que estimulem e voltem a encantar as pessoas de bem a fazerem política e assim fazerem da política um lugar de pessoas sérias e honradas.
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22.3.10

Encantos e desencantos da política



Desencantos nascem da ilusão que necessitamos para viver ainda que eles sejam uma visão de algo que não podemos ter
E quando o desencanto se desvela o coração amargurado padece pois de ingratidão ninguém se esquece.



Ao se aproximar as eleições de 2010, fica mais evidente o que temos constatado nestes últimos dois anos trabalhando para a reconstrução de um campo político que retome a política apenas como meio para a materialização de um projeto de sociedade sustentável e solidária, tal como concebemos hoje o sonho socialista: O desencanto com a política.

Esta tem sido a marca da manifestação do sentimento que toma conta de setores médios, particularmente daqueles que nas décadas de 80 e 90 foram jovens combativos, militantes de esquerda que dedicaram anos de suas vidas na derrota da Ditadura Militar, da retomada democrática na luta pelas “Diretas Já”, na construção de partidos socialistas, antes proscritos, que dessem visibilidade e efetividade política à voz dos setores populares, como o PT. Na conquista de avanços democráticos como os Conselhos de Políticas Públicas, mecanismos de controle social, na Constituição de 1988 e no surgimento de novos movimentos sociais que pautaram na sociedade novos direitos, como os das mulheres, negros, índios, homossexuais, deficientes e toda sorte de condição humana que expressava a pluralidade democrática para muito além da política como o espaço da atuação dos partidos.

No entanto, justamente quando a esquerda brasileira mais avançou, setores importantes que foram agentes diretos da construção deste momento, resumem seu sentimento em relação à política como “desencanto”. O que está acontecendo?

Quando se coloca no Google a busca por “encantos e desencantos” caímos em páginas de poesia e referências ao amor, à paixão.

Se isto representa a apreensão cultural que temos da idéia de “encantamento”, significa que estamos no campo da emoção, o que para alguns de nós é apartado da idéia de razão.

Quando relacionamos “encantamento” e política, portanto, tenta-se articular uma dimensão emocional à política, tida como o campo dos interesses e cálculos racionais. Parece uma incongruência. Por outro lado, não seria possível abordar a política pela perspectiva da realização humana que vai muito além do cálculo de interesses individuais no curto prazo, tal como muitos concebem a política?

Refletir sobre o significado do desencanto é uma tarefa incontornável que pode surpreender por não nos levar ao, aparentemente óbvio, enfrentamento entre bons e maus e, significar um amadurecimento necessário de setores fundamentais para construção de uma sociedade mais equilibrada e justa, não como jogo de poder apenas, mas sobretudo como realização humana.

O desencanto é produto de descaminhos que levaram parte importante da esquerda pelos pântanos do mensalão ou apenas a justificativa psicológica dos que não tiveram competência política para ocupar espaços no momento da chegada ao “Poder”?

Diante do desencanto cabe capitular ao fisiologismo mercenário ou se afastar para não contaminar a própria honestidade?

A política é em si, irrevogavelmente vocacionada à corrupção ou é possível pensá-la, sem ingenuidades, como a construção de projetos de sociedade por convicção?

Há respostas que sustentam cada uma destas alternativas, mas a reflexão coletiva ainda é o melhor caminho para dissipar dúvidas e construir as pontes que precisamos para reencontrar nossos sonhos de um mundo melhor.

Vamos ao debate.
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