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8.1.11

Repercussão do post “Pra quem não tem medo de ser feliz”





A seguir, das 28 manifestações que recebi, apresento apenas as que me autorizaram postar o conteúdo.

Por Rafael Teodoro

Da leitura do texto “Pra quem não tem medo de ser feliz”, destaco a seguinte passagem: "Portanto, o primeiro passo é aceitar que a derrota eleitoral não é só uma derrota política, como a que produziu uma aliança formal gigante e uma força política nanica. Esta é a derrota de um modelo de gestão política, que apartou a militância da elaboração político-estratégica, que reduziu as tendências em estruturas famintas apenas por cargos, que nos tirou do diálogo aberto com a sociedade sobre o modelo de desenvolvimento para nos colocar nas manchetes tristes dos jornais das elites."
Caro prof. Arroyo, impossível não o felicitar por essa análise. Creio que expressa exatamente o que sinto em relação à derrota (vergonhosa, frise-se) do Governo Ana Júlia nas urnas. O título de única governadora da base de apoio do presidente Lula a não se reeleger só revela a extrema incompetência com que o Governo estadual petista não soube conduzir políticas públicas, ou, quando existentes, fracassou em divulgá-las.
Infelizmente a lógica sectária de tendências predominou, tanto que a observação de "faminto por cargos" revela o quebra-pau que todos vimos em troca de um DAS, muita vez na "peixada", colocando "os seus", os "chegados", sem qualquer compromisso com as pautas da esquerda.
O PT não pode cometer o erro do maniqueísmo das tendências, que só afastam, como bem observaste, nobre professor, quadros experientes, éticos, dedicados, comprometidos com as pautas populares.
Eu mesmo sempre quis me filiar ao PT e participar mais ativamente da vida do partido. Mas desde a época do CA, quando alguns companheiros petistas tentaram me centralizar por tendência, sem dialogarem comigo, eu rejeitei essa prática antidialógica e nunca me filiei. Quem sabe agora contigo na direção do partido isso mude.


BLOCO DA ESQUERDA PETISTA PARAENSE, POR UM PARTIDO MILITANTE, DEMOCRÁTICO, DE MASSAS E SOCIALISTA!

O que ocorreu no primeiro turno refletiu também um problema político-sociológico: a ascensão material das camadas populares, proporcionada pelo governo Lula, não foi acompanhada de politização equivalente, motivo pelo qual a influência ideológica da direita, da mídia, das igrejas, das teologias da prosperidade e similares continua imensa.
Refletiu, também, uma indisposição de setores médios contra nosso governo e contra nosso Partido, cujas raízes materiais estão na política que eleva a vida dos pobres, sem tocar no ganho dos ricos. E cujas raízes ideológicas estão no conservadorismo que é historicamente hegemônico nos setores médios.

As derrotas do PT em Belém, em 2004 e 2008, e a derrota das candidaturas de Ana Júlia e de Paulo Rocha em 2010, e a vitória de Serra em Belém e em importantes municípios administrados pelo PT, têm que fazer refletir ao conjunto do partido das causas externas e internas que foram as determinantes dessas derrotas, ainda que conseguimos ampliar o número de deputados federais (3 para 4) e deputados estaduais (6 para 8), ainda que essa ampliação fosse lograda, em parte, a um custo ético e político muito grave.
A nós petistas nos corresponde realizar uma avaliação aprofundada dos avanços, das dificuldades e dos erros cometidos pelo nosso governo e pela direção estadual do partido desde 2007, entre os quais destacamos: a) não apuração das falcatruas realizadas pelos governos neoliberais do PSDB-DEM; b) tentar sustentar o governo através do tradicional “troca-troca fisiológico” na Assembléia Legislativa com os partidos conservadores, abrindo mão da governabilidade de “novo tipo”, através da mobilização e apóio social na defesa dos projetos estratégicos e estruturantes do governo, baseado na participação e controle popular. Isto é, acumulando forças para uma nova hegemonia orientada nos ideais progressistas e socialistas.
Essa situação se agravou na maioria de municípios paraenses PT quando a Casa Civil manteve ou nomeio para cargos importantes do governo a muitos dos nossos tradicionais adversários políticos, sem fazer qualquer consulta aos nossos filiados e dirigentes municipais e desrespeitando as decisões locais do partido. Ou seja, um completo e insustentável desrespeito com companheiros e companheiras que ajudaram a construir e fortalecer o PT como principal partido da esquerda no país e no Pará e a nossa vitória eleitoral em 2006.
Consideramos, contudo, que o problema principal da nossa derrota foi a falta de orientação estratégia do governo liderado por Ana Júlia e a cúpula da DS para tentar imprimir uma feição democrático-popular ao governo estadual, fazendo apenas tímidas mudanças para reverter a situação de extrema miséria em que vivem boa parte da população paraense e escassas melhoras na saúde e na educação pública.
Outro grave problema foi o tratamento dispensado pelo comando do governo (a “cúpula da DS”) às outras forças do PT, inclusive a membros ou ex-membros da sua tendência, e aos grupos da esquerda petista, tratando-nos quase como inimigos, não atendendo, não conversando, não cumprindo acordos ou tentando “comprar” os nossos militantes e agrupamentos oferecendo “empregos” no governo. Talvez um dos exemplos mais grave fosse o uso de recursos políticos (e outros...) do governo estadual por parte da cúpula da DS para apoiar a Duciomar contra a candidatura do petista Mário Cardoso à Prefeitura de Belém, e no segundo turno, para tentar “liquidar” a Priante (PMDB).

Não se preocuparam em ganhar à maioria da população para que sentisse se identificada num governo democrático-popular, que longe dessa meta, se transformou num governo anti-popular. Tentaram reprimir aos movimentos sociais e sindicatos mais ativos, Sintepp, mandaram prender lideranças do MST, esperando a aceitação da classe dominante paraense, que como sempre, prefere ser governada diretamente pelos seus representantes e não por mediadores da “classe média esclarecida”.

Para enfrentar a direita na sociedade a Câmara e Senado, no Governo estadual e na Assembléia Legislativa Paraenses e, é preciso unidade da esquerda, ou seja, das forças democrático-populares e socialistas: partidos, movimentos sociais e intelectualidade democrática. A unidade das esquerdas é essencial, ademais, para garantir que o governo Dilma seja hegemonizado pelas forças comprometidas com um desenvolvimento democrático e popular. A ala esquerda da coligação governista também deve impulsionar a luta por reformas estruturais, articulando isto com nossa luta pelo socialismo.

O PT sai do processo eleitoral nacionalmente fortalecido e enfraquecido no Pará. Contudo as nossas debilidades ideológicas, programáticas, políticas e organizativas ficaram mais uma vez evidenciadas em todo o país. As debilidades do PT possuem diversas causas, entre as quais se destaca a legislação eleitoral, que privilegia as carreiras individuais e o financiamento privado de campanhas. Um dos subprodutos disto é o fortalecimento, no interior do Partido, do social-liberalismo e do pragmatismo.
Outra das debilidades do PT é mais profunda e precisa ser dita com todas as letras: o PT corre o risco de transformar-se num partido de centro-esquerda tradicional, convencional, integrado ao establishment, atravessado pelo fisiologismo e pelo pragmatismo, afetado pela corrupção sistêmica.
Fomos nos acomodando por exemplo à prática das carreiras políticas individuais e ao sistema de financiamento privado das campanhas eleitorais. A tal ponto que muitas de nossas campanhas terceirizaram a militância, com a contratação de cabos eleitorais, havendo também acusações de que mesmo petistas “compram” votos. O resultado é o exacerbamento de todos os defeitos e vícios da democracia eleitoral burguesa.

Por tudo o que foi dito antes, a reforma política, especialmente o financiamento público e o voto em lista, não constitui um detalhe: é também uma condição de sobrevivência para o PT como partido democrático, de massas, popular e socialista.


João Guilherme

Caro Arroyo,

Parabéns pela lucidez das colocações, infelizmente a falta de dialogo e oportunidade de expressão principalmente pelas pessoas de baixa renda produzem "lideranças" motivadas mas por seus interesses pessoais deixando apenas para o discursos os interesses coletivos. Nestes dois anos e meio como servidor do Estado vários momento foram decepcionantes enquanto simpatizante de uma proposta de gestão participativa, as intervenções ditatoriais nunca me foram atraentes e vê-las presente em uma governo popular foi decepcionante, mesmo assim, acredito que a força popular seja uma estratégia fantástica de transformação social, esta foi mais uma experiencias para conhecer verdadeiras lideranças comprometidas com causas coletivas que possam superar as mazelas sociais existentes em nossa sociedade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Também acho que ante a ignorância geral desse povo, abrir blog com e-mail é uma temeridade. Parabéns professor!!!!