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28.3.10

Direito ao Trabalho Solidário




Nesta segunda, 29.03.2010, estarei palestrando na abertura da Conferência Metropolitana de Economia Solidária, sobre “o direito ao trabalho solidário”.
Entendemos que o Trabalho Solidário diz respeito ao trabalho feito em cooperação e autogestão, que pode assumir a forma do trabalho em cooperativa, do trabalho associado, do trabalho autônomo articulado em rede, do trabalho em empreendimentos coletivos que conformam arranjos produtivos e demais formas que possuam natureza semelhante a estes.

Do Feudalismo ao Capitalismo

Adianto aqui, que uma das linhas de argumentação será construída refletindo a passagem processual do modo de produção feudal, baseado no trabalho em regime de servidão, e o modo de produção capitalista, sustentado pelo trabalho em regime assalariado. Quando destacaremos que este processo teve a confluência de diversos fatores articulados ao longo de pelo menos dois séculos e não apenas concentrado no período da Revolução Industrial.

Demonstraremos que além das inovações tecnológicas, fatores culturais, religiosos, políticos, sociais e, obviamente, econômicos foram amadurecidos e, ao longo do tempo, transformando as bases da relações de sociabilidade, primeiro aos poucos e quase que imperceptivelmente, mas depois de maneira mais acelerada e evidente a tal ponto que os trabalhadores passaram a recusar o trabalho em servidão, fugindo dos feudos para buscar a alternativa do trabalho assalariado até que este deixou de ser condenado moralmente, perseguido politicamente e inviável economicamente, para se tornar o formato de trabalho que mais gerava prestígio social e político e maior retorno econômico tornando possível a hegemonia do capitalismo sobre outros modos produtivos até hoje.

Do Capitalismo à Sociedade Solidária

Daí, provocaremos o raciocínio paralelo de que a superação do capitalismo – que tal como o feudalismo, não é só um modo de produção, mas um modo de vida – também pressupõem a articulação estratégica de fatores econômicos, políticos, sociais, culturais e tecnológicos que façam brotar novos valores morais e éticos nas pessoas para que estas possam optar por alternativas de como viver e como produzir, na prática, que ofereçam relações sociais e políticas mais humanizadas e maiores retornos econômicos coletivos, de acordo com os novos valores adotados. Base de uma nova sociedade solidária ou socialista.

Por fim, deveremos concluir defendendo que portanto, os que entendem ser necessário a superação do Capitalismo para que a humanidade possa encontrar sua melhor formatação, devem articular estrategicamente diversos fatores que conquistem as pessoas para uma nova hegemonia no regime de trabalho.

E, se nosso sonho ou projeto pode ser sintetizado pela idéia de uma sociedade solidária, tal como penso que deve ser, é preciso reunirmos estrategicamente os mais diversos fatores capazes de formar um amálgama societário constituído por valores morais e éticos, crenças e convicções, relações sociais e políticas, institucionais e jurídicas que sejam cimentadas por uma economia, igualmente, solidária. Para isto, a solidariedade deve estar na base do novo regime de trabalho hegemônico e este é o trabalho solidário, regime em que se supera a relação vertical que se estabelece entre o patrão e o assalariado, para se adotar uma relação horizontal entre parceiros que partilham obrigações, responsabilidades e os resultados econômicos do esforço coletivo, proporcionalmente ao trabalho de cada um, ou como livre e soberanamente cada grupo, ou organização produtiva, estabelecer em comum acordo entre seus membros.

Uma transformação, portanto, que combina pensares e fazeres estrategicamente projetados mas capaz de superar e conviver com as contradições inerentes à natureza humana, tanto na dimensão individual quanto na dimensão social e política. Esta é a revolução que propomos: a liberdade de optar pela solidariedade.

3 comentários:

eleison cunha disse...

professor meu nome e eleison cunha sou da comunidade remanescente de quilombo da baixinha- baião, do territorio do tocantins estado do Pará. não sei porque nos que trabalhamos com economia solidaria a seculos nao participamos de nada neste estado continuamos segregados em nossas comunidades sempre temos que pedir a oxala que e o senhor que ilumina a todos que a cada dia nos ilumine por que nossa vida não e nada facil!

Anônimo disse...

Olá professor,

sou estudante de Sociologia e estou interessado em estudar a Economia Solidária, pois considero importante saber quais são limites impostos pelo modo de produção capitalista a um outro modo de produção que se desenvolve no seu interior. Você poderia me indicar algumas leituras? Gostaria de saber também onde posso encontrar dados referentes à Econ. Solid. no Pará. Meu endereço é carlosalexandre_alves@yahoo.com.br

Arroyo disse...

Oi Carlos,

Meu livro pode ser adquirido no site da Fundação Perseu Abramo(www.fpabramo.org.br) onde vc tb pode fazer o download gratuito do livro Introdução à Economia Solidária do nosso papa, Paul Singer.

Vc tb pode encontrar muitos artigos e dicas de livros no site do Fórum Brasileiro de Eonomia Solidária(www.fbes.org.br)