Pesquisar neste blog

14.2.11

PT 31 anos, opção pela maturidade criativa – contribuição ao aprofundamento do debate

PT 31 anos, opção pela maturidade criativa – contribuição ao aprofundamento do debate

O encontro estadual do PT no Pará, realizado neste 12 de fevereiro no Hotel Beira-Rio em Belém, decepcionou as forças políticas que, de dentro e de fora do partido, esperavam a consumação de uma batalha de acusações fratricidas que reduzisse o PT no Pará, mais uma vez, ao gueto de sua própria fraqueza e incompetência.

É verdade que blogueiros petistas ainda não entenderam que o PT perde na sociedade quando tentam retratar o encontro reduzindo o riquíssimo debate travado à algo como “água com açúcar”. Mas também vimos o Bacana assumir de vez sua face PMDB quando em um mesmo texto argumenta que o PT minimizou os problemas que o levaram à derrota em 2010 para em seguida dizer que todos os problemas foram levantados e que, na versão dele ou de sua fonte tendenciosa, se centrou nas falhas de pessoas específicas principalmente por não ter priorizado o PMDB na aliança e ainda apresentou uma lista de nomes que teriam sido levantados no encontro como possíveis candidatos à prefeitura de Belém.

Bem, eu estava lá. O debate foi duro mas respeitoso, tudo que colocaram nos documentos veio à tona, e sem tirar a culpa de ninguém também foi consenso que há erros que são recorrentes inclusive na gestão do próprio partido, assim como nas demais prefeituras petistas e que precisam ser corrigidos coletivamente.

Um debate que nenhum outro partido tem a coragem de fazer e, principalmente, torná-lo transparente para que a sociedade veja que somos apenas seres humanos. Erramos, aprendemos e corrigimos em um processo em que uns cobram dos outros de igual para igual, sem a hierarquia dos partidos que possuem donos e coronéis.

A resolução do encontro, que pode ser encontrada no site www.pt-para.org.br , surpreende pela maturidade de seus termos. Não por botar “panos quentes” nos erros que nos levaram à fragorosa derrota de 2010, mas por pontuá-los como desafios a superar sem comprometer as significativas conquista que o governo coordenado pelo PT deixou para a sociedade, com destaque para as políticas de ciência, tecnologia e inovação, que com a atração da siderúrgica de Marabá, de projetos como o do Biodiesel e da fábrica de chocolate, colocou em prática um modelo de desenvolvimento apoiado na agregação de valor aos produtos industrializados e no fortalecimento da economia local em torno de cada grande projeto que certamente renderá à população do estado novas oportunidades de emprego e renda e um novo padrão no posicionamento econômico do Pará no cenário nacional e internacional.

Mas as maiores surpresas do encontro ficaram por conta das autocríticas expressas por Ana Júlia e Paulo Rocha, tanto na dimensão dos equívocos na condução política do partido, do governo e da campanha o que, pela primeira vez, fez com que os erros nos unificassem em torno do desafio de superá-los, o que ainda colocará a todos e todas do partido em duras provas de competência e sabedoria política, em um processo que está apenas começando.

A resolução do encontro aponta como tarefas estratégicas a preparação política do partido para enfrentar as disputas de 2012 e 2014, mas trata dos problemas na dimensão estrutural, na perspectiva da realização do objetivo maior do PT que é a conquista democrática da livre opção da sociedade por valores e condutas coerentes com uma sociedade socialista.

Nos próximos dias, abordarei os temas que julgo serem os centrais para que o PT recrie-se a si mesmo no Pará, retomando o rumo que se mantém anunciado em seus documentos de fundação e em suas elaborações de conjuntura nacional recentes. Os temas serão os seguintes:

  • O PT, tendências internas e suas relações com a Sociedade, o Estado e os Governos
  • A relação entre a Técnica e a Política, o papel dos intelectuais
  • A questão da ética e o combate à corrupção como missão partidária
  • O desafio da democracia participativa e do Controle Social
  • O desafio da democracia econômica e a Economia Solidária

Temos, portanto, muito trabalho e um longo caminho pela frente. Mas um caminho que quem faz é a gente.

4 comentários:

Elizeu Souza disse...

fala companheiro arroyo estou escrevendo 1 para dizer que sua analise e muito boa, e queria aproveita para lhe pedir para adicona o blog www.anajulia13.blogspot.com no seu blogs que valem a pena além desse o elizeuchagas13.blogspot.com
vou toma a liberdade de coloca sua analise no blog no mais um forte abraço.

Anônimo disse...

Prezado Arroyo,
seu texto é importante nessa hora em que outros, na blogosfera, tentam aprofundar as divergências dentro do PT. É edificante, posto que dá sua interpretação séria do acontecimento, sem as distorções dos "Bacanas da vida". As avaliações são importantes para a correção dos rumos, se vistas como um processo histórico, não como um momento de fustigar os companheiros, para simplesmente trazer a discórdia. Nessas avaliações o PT tem que avançar, não se enfraquecer nesse processo, pois estaria fazendo o jogo dos adversários. Há necessidade urgente de priorizar a formação de militantes, o engajamento nos movimentos sociais, que foi o forte do partido e seu grande trunfo. TEm que mostrar que seu programa é o melhor para a sociedade, e que a luta não se limita a ocupação dos cargos públicos, as benesses do poder. Não sendo mostrada para o povo essa diferença, este irá votar em qualquer partido, mesmo os mais fisiológicos, dada a conjuntura de política que forjou artificialmente essa quantidade de siglas partidárias. AFP

blog do bacana-marcelo marques disse...

Caro Arroyo.
Primeiro, um grande abraço.
Posterior a isso, uma correção, não sou tendencioso ao PMDB.
Sempre mantive a mesma posição, sem o PMDB Ana não seria Governadora na primeira vez, e não foi na segunda.
Porque ? Aqui no Pará temos 3 forças, quase em tamanhos iguais, PT, PSDB e PMDB.
Se dois se juntarem - como PT ao PMDB na eleição de Ana, já era para a terceira força.
E o PT, ou melhor, a DS, não soube ver o quadro real, achou que elegeu Ana só pelos seus méritos e que por eles conseguiria a reeleição.
Deu no que deu.
E Jatene se elegeu sozinho ?
Claro que não, contou, no mínimo com a neutralidade do PMDB.
Bom, em respeito a forma educada que sempre me tratou, escrevo essas poucas linhas.
Saúde.
Marcelo Marques

Prof. Arroyo disse...

Obrigado pelos comentários, Elizeu, Anônimo e Marcelo Marques.

Marcelo, antes de mais nada quero dizer que muito me honra merecer seu comentário, e que há uns 4 posts atrás publiquei texto do Paulo Weyl que o elogiava pela objetividade das informações prestadas. E, se o publiquei, é porque concordo com as posições expressas no texto. Portanto, não há na observação do seu post, que critiquei, nenhuma intenção de depreciação, mas do exercício do debate democrático em termos respeitosos e cordiais como sempre nos tratamos.
Caro Marcelo, entrando no mérito, do meu ponto de vista, 1)a análise que aponta para a existência de 3 blocos políticos equivalentes, PT, PSDB e PMDB, é correta considerando a formalidade dos partidos. Mas sabemos que a política passa por atores não partidários também, o que relativiza a conclusão de que só chegará ao poder de governo os dois que conseguirem se juntar. Até porque, agora mesmo, o PSDB ganhou a eleição tendo outros dois blocos em outra chapa - ou será que Paulo Weyl estava certo ao analisar que o PMDB já, há dois anos estava em aliança com o PSDB e por isso agora partilha seu governo. 2) Além disso, nestes 31 anos, o PT viveu momentos em que aprendeu que vitórias eleitorais podem significar derrotas políticas, e vice-versa. Ou seja, além de ser possível que um dos blocos chegue ao poder sem se aliar aos outros dois, também poderá acumular forças estratégicas mesmo tendo uma derrota eleitoral em determinadas condições. O que não é o caso da derrota do PT em 2010, como já disse, fragorosa derrota também política. 3) Derrota política, como já admitido por Ana Júlia no encontro do PT. pela condução equivocada das alianças internas e externas mantidas, particularmente pela esquizofrênica e infantil relação com o PMDB, oscilante entre amor e ódio, quando qualquer das duas opções seria mais produtiva se tomada com clareza e objetividade.4) Portanto, caro Marcelo, quando vc apresenta o PMDB como única alternativa para viabilizar o PT eleitoralmente, avalio criteriosamente como tendencioso, embora possa não ser sua intenção, mas vale o que está escrito, não é? E, esta observação pode ser pontual, dependendo de processos futuros, sem que isso mude em nada o respeito e a admiração que tenho por vc e o serviço que presta à sociedade paraense.

Grande abraço