Para os que militam no PT desde os tempos de luta contra a ditadura militar, estes 31 anos nos trouxeram grandes alegrias e algumas profundas tristezas.
Nos trouxe a alegria de termos sido a principal marca da redemocratização da sociedade brasileira que ainda precisa avançar na direção da participação e do Controle Social sobre o Estado. Mas nos trouxe a tristeza de vermos que não passamos pela necessária experiência de lidar com um Estado de tradição corrupta e assistencialista sem nos contaminar em parte.
Mas aprendemos que o PT é isso mesmo, expressão viva da contradição da cultura política popular brasileira, que ao mesmo tempo que consegue marchar firme na direção da soberania nacional, superando a - até então - impagável dívida externa e conseguir associar crescimento econômico à diminuição das desigualdades sociais inaugurando um desenvolvimento com bases sustentáveis, também tem alguns de seus membros mais confusos se conseguir se desvencilhar das armadilhas políticas e ideológicas da tradição das relações de dominação das elites conservadoras, reproduzindo a mesma prática.
Ou seja, ainda é no PT que encontramos uma das principais arenas da disputa pelo melhor que podemos projetar para a sociedade brasileira. Disputa feita de luta política e ideológica, mas sobretudo de fé e de práticas e condutas.
Por isso, em homenagem a este processo vivo de libertação e liberdade de nosso povo, é que ofereço o momento do encontro entre Mercedes Sosa e Shakira, que na fusão da suposta
contradição que representam conseguem realizar um momento glorioso contando juntas uma
canção que fala de fé na tranformação da sociedade. Vejam com atenção a letra:
A Marreta
de Silvio Rodrigues, tradução livre de João Arroyo
Se eu não acreditasse na loucura
da garganta do pássaro distante
Se não acreditasse que no monte
se esconde o silvo e o pavor
Se não acreditasse na balança
Na razão do equilíbrio
Se não acreditasse no delírio
Se não acreditasse na esperança
Se não acreditasse no que faço
Se não acreditasse em meu caminho
Se não acreditasse no que digo
Se não acreditasse no meu silêncio
O que seria, o que seria a marreta sem a pedreira?
Uma coisa feita de cordas e tendões
Uma mistura de carne com madeira
Um instrumento sem melhores pretensões
de pequenas luzes para uma cena
O que seria, coração, o que seria?
O que seria a marreta sem a pedreira?
Seria um traidor dos aplausos
Um servidor do passado em roupa nova
Um adorador de deuses cadentes
Glória cozida em trapos e lantejoulas
O que seria, coração, o que seria?
O que seria a marreta sem a pedreira?
O que seria, coração, o que seria?
O que seria a marreta sem a pedreira?
Se não acreditasse no mais duro
Se não acreditasse no desejo
Se não acreditasse no que creio
Se não acreditasse em algo puro
Se não acreditasse em cada ferida
Se não acreditasse no que busquei
Se não acreditasse no que esconde
tornar-se irmãos nesta vida
Se não acreditasse nos que me escutam
Se não acreditasse no que dói
Se não acreditasse no que fica
Se não acreditasse nos que lutam
O que seria, o que seria da marreta sem a pedreira?
Uma coisa feita de cordas e tendões
Uma mistura de carne com madeira
Um instrumento sem melhores pretensões
De pequenas luzes montadas para uma cena
O que seria, coração, o que seria?
O que seria a marreta sem a pedreira?
2 comentários:
Amigo, sinsonte é uma ave que em Porto Rico tem um valor inimaginável no que tange a LIBERDADE.
Todos os que almejam Porto Rico Livre e independente fazem o paralelo con el sinsonte.
O cantor "REBELDE" de Porto Rico Andrés Jimenes usa el sinsonte em váriuas de suas composições em alegoria ao sonho de liberdade
Xico, seu socorro veio em hora muitíssimo oportuna. Eu sabia que era um pássaro, mas não seu simbolismo. Muito obrigado e grande abraço.
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